Em
tempos de grampos e escandalosas revelações feitas graças a escutas legais (e
talvez até ilegais), imagine mandar uma criança “grampeada“ para a escola a fim
de descobrir abuso por parte dos professores? Você faria isso?
Foi
o que o pai de um menino autista de dez anos fez, nos Estados Unidos. Stuart
Chaifetz, de New Jersey, resolveu mandar um gravador escondido no filho,
desconfiado dos surtos de ansiedade e das reclamações que partiram da própria
escola sobre o comportamento violento de Akian, o filho, que estaria batendo na
professora e atirando cadeiras.
Autista
e com dificuldades de comunicação, o garoto tinha uma natureza dócil e amorosa,
afirma o pai. “Alguma coisa estava acontecendo na escola com meu filho, porque
não fazia sentido”, diz o pai, em vídeo postado no YouTube. O garoto retornou
para casa com horas de gravação classificadas pelo pai como abuso e agressão
verbal. O pai flagrou não só conversas impróprias dos professores, sobre abuso
de álcool e suas vidas sexuais, na frente das crianças, mas crueldade verbal.
“Naquele dia, minha vida mudou para sempre. Ouvi coisas nojentas, vis…era
bullying contra meu filho”, diz.
Revoltado,
Stuart desabafou: “eles sabiam que nenhum daqueles meninos seria capa de
relatar em casa o que se passava na escola”.
Trechos
do áudio:
“Com
quem você está falando? Com ninguém?”, pergunta a professora para o menino,
que, às vezes, fala sozinho. Chateado, ele começa a chorar alto.
“Vai,
pode continuar o choro, sabe por quê? Porque você não vai conseguir nada até
você calar a boca”, continua a ajudante.
Dias
depois, o pai conta ter enviado um email para a professora perguntando se
alguém, na escola, tinha mandado Akian calar a boca, com essa expressão.
Segundo ele, a professora responder “não, nós não fazemos isso”. Se tem algo na
escola que pode deixar os pais temerosos é o bullying, o comportamento
inadequado, às vezes violento, de agressão verbal e até física por parte de
outras crianças. Humilhação, ou implicâncias aparentemente inocentes que podem
deflagrar um processo de rejeição e aniquilamento psicológico de uma criança,
ainda crua na arte de defender-se. Ninguém quer ver o filho passar por isso.
Mas e quando essa agressão vem da equipe que deveria justamente protegê-lo?
De
todas as paranoias que frequentam a cabeça dos pais, o medo de que os filhos
sejam maltratados por empregados, por exemplo, ocupa a pole position de quem
precisa trabalhar e não tem com quem deixar os pequenos. Muitas pessoas
preferem a creche justamente por acreditar que, no ambiente coletivo, mais
olhos estão atentos e menos chances há de um adulto se portar mal com a
criança. Por isso essa história me pareceu o pesadelo, com requintes de
crueldade por se tratar de uma criança com dificuldade de comunicação, especial,
que requer uma atenção diferenciada.
O
vídeo e o áudio estão em inglês com legendas em inglês, mas até pelo tom de voz
da professora ou da assistente (não dá para saber), é de se notar que algo
estava errada na condução de crianças especiais. Elas reclamam dos maridos na
frente das crianças, falam de bebedeira, de vomitar por causa de vinho…”Elas
tratavam aquelas crianças como subhumanas”, diz o pai, no vídeo.
Segundo
o texto do vídeo, uma das assistentes foi demitida. A professora foi
transferida de unidade. A repercussão foi imediata. Dezenas de pais de crianças
especiais começaram a entrar em contato com Stuart pedindo ajuda porque
desconfiavam de comportamentos inadequados nas escolas. Temiam que seus filhos,
indefesos, não estavam sabendo contar o que se passava. Pelo visto, não era um
caso único.
“São
pais desesperados precisando saber o que se passa na escola”, disse Stuart, ao Huffington Post.
Gravar
pessoas sem consentimento ou autorização judicial não serve de prova em
processos judiciais sob as leis brasileiras, nem nos Estados Unidos, onde o
rigor é ainda maior, mas pode ajudar a abrir uma investigação e, o mais
importante, impedir que seu filho seja maltratado.
Você
faria isso? Conhece alguém que tenha descoberto algo muito ruim em casa graças
a câmeras escondidas?
Para ver o vídeo clique
aqui.
2 comentários:
Infelizmente meu filho também foi vítima de maus tratos verbais na escola, ele tem 7 anos é autista e a professora do 1º ano (no ano de 2010)o tratava muito mal. Ela pensava que ele era retardado, mas ele tem suas faculdades mentais em ordem e me contava o que acontecia na escola, então como eu não tinha como filmar, gravar diálogos e não consegui nenhuma testemunha (mesmo as pessoas que trabalhavam na escola tinham receio de me contar o que REALMENTE acontecia) eu comecei a "xeretar" ser a chata mesmo, queria saber tudo DA BOCA DELA, ia à escola uma vez por semana e exigia uma reunião, quando me foi negado, fui à secretaria de educação da mimnha cidade e solicitei o DIREITO que todos nós temos à informação... Depois desse dia meu filho começou a ficar menos agitado, menos irritado, passou a dormir melhor e comecei a falar muito com ele, dizer que ele era esperto, forte, valente, fazia roupas de superherói, capas coloridas, fingíamos que estávamos voando! Reforcei na cabeça dele que a derrota vem de fora, por dentro somos SEMPRE vencedores. Irônicamente esse ano a filha dessa professora e o meu filho estudam no 3º ano na mesma sala de aula, então estamos do mesmo lado agora, isso não me assusta e não carrego rancores, pois toda vez que estou chateada com alguma coisa meu filho me olha e recomenda: "não fique assim, relaxa,agora dê um sorrisinho..."no memso instante me sinto melhor.
"Quer você acredite que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo.(Henri Ford)
Maravilhoso este papo de mãe...bjs
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