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Na TV Brasil

domingo, 31 de janeiro de 2010

Carreira X Maternidade: Dorli Kamkhagi fala sobre o assunto

Oi, gente!
Hoje o Papo de Mãe reapresentou o programa sobre o conflito entre CARREIRA X MATERNIDADE. E aqui disponibilizamos na íntegra para vocês a entrevista feita por Rosângela Santos com a psicanalista Dorli Kamkhagi. Confiram o que ela tem a dizer sobre o assunto e comentem!
RS: Carreira e maternidade. Conciliar isso é um dilema para mulher moderna?
DK: Sim. É um grande dilema e as mulheres, muitas vezes, acabam fazendo opções que as deixam muito frustradas e machucadas. Elas acabam escolhendo abandonar algo muito precioso, que elas vinham se dedicando há muito anos, que é a carreira, em nome de ser uma mãe maravilhosa, em nome de um ideal, que é quase impossível. Ideal não existe. A gente tenta o que é possível - que é ser boa mãe, cuidadosa. Mas para isso acontecer, o sonho pessoal da mãe também é importante. Se este sonho for ter um trabalho que vai significar algo, se ela vai se sentir potente, ganhando dinheiro, sendo reconhecida, no momento em que ela abandona isso, nem sempre ela consegue se sentir feliz e realizada.
RS: Como conciliar?
DK: É difícil, mas é possível. Se ela não tiver expectativa altíssima de que tem que tirar nota 10 em tudo. Se ela puder entender que o filho pode ficar em alguns momentos sem ela, que o filho sobrevive com alguma ajuda (neste caso pode ser funcionária em casa, avó, escolinha, creche), que ela pode estar passando o melhor que ela tem na qualidade (que nem sempre significa quantidade) e que no trabalho dela, ela pode ser boa, mas não tem que ser perfeita. Se ela for buscar o máximo, ela acaba se exaurindo e adoecendo. Acho que é possível. Passei por esta experiência na minha vida. Tive que driblar algumas coisas. Em alguns momentos, eu precisei faltar no trabalho. Em outros momentos, tive que faltar em casa. Então, acho que a gente convive com a falta. Nem sempre se consegue estar em tudo e o filho aprende a valorizar que a mamãe está dormindo ou a mamãe está estudando e trabalhando. Ele aprende a ficar perto desta mãe que trabalha, estuda, desenvolve uma tarefa e é bom isso. Isso estrutura uma família.
RS: Como administrar a culpa?
DK: Analista, padre, confessionário... (risos). A culpa acompanha um pouco, mas a gente pode pensar em co-responsabilidade. Se essa mãe tem marido, se o companheiro entender que ela está fazendo o máximo, o melhor, e nem sempre ela vai dar conta de tudo, e que se ela escolheu estar neste momento no trabalho ou num seminário, isso é importante pra ela. Em outro momento, ela vai estar com filho no cinema, nas férias. Então, ela consegue viver amplamente cada momento. Sei que isso não é possível o tempo todo. Eu lembro de muitos momentos da minha vida em que era meio-dia, estavam todas as mães na porta do colégio e eu não estava. Isso quer dizer que eu era a pior? Não, não era a pior. Eu não podia fazer isso...Tem uma somatória nas relações. A vida entre filhos e pais é constituída de muitas situações. Vai se formando uma teia de amor, de carinho, de limites, de “minha mãe não é tão maravilhosa”. Pais precisam suportar a idéia de não ser tudo. A gente vive numa sociedade, numa cultura, que é como se os filhos não pudessem ter frustrações e é péssimo isso. E o que acontece? A gente vê tantos jovens infelizes, dependentes de drogas, com depressões - porque é como se precisassem ter tudo, um playground de motivações o tempo todo. Acham que precisam ter tudo e não é isso que é bom. Lembro que alguns anos atrás para criança ter alguma coisa era mesada, tinha limites. Nem ter todas as férias, nem todas as festas. A mãe que dá um pouco talvez esteja dando muito e é importante que esta mãe saiba que esta quantidade dela pode ser não tão grande, mas pode ser preciosa.
RS: Muitas mulheres quando ficam grávidas enfrentam problemas no trabalho. Tem que haver uma divisão?
DK: É difícil e importante porque, em algumas profissões, não dá mesmo para conciliar (como jogadoras, modelos...). Hoje em dia, está se adiando a maternidade por conta da medicina, da carreira, da longevidade, da cultura. Precisamos ter dinheiro, ajudar o marido, ter independência e postergar coisas, como a gravidez.
RS: Mulher, carreira, filho. Sobra tempo para o marido?
DK: É importante. Este marido vem aqui e diz que quer ser cuidado, que não aguenta mais ver as calcinhas penduradas na torneira... Ele quer afeto, quer o lado sexual. Então, muitos casamentos entram num vácuo. Mulheres cansadas adiam o encontro sexual. Então, é muito importante o papel de mulher. Manter o encontro homem/mulher é fundamental. Filhos gostam de perceber que entre pai e mãe existe algo que eles não precisam fazer parte. Freud chamava de “o terceiro excluído”. A criança não tem que participar de tudo, não tem que estar em todas as camas. Aí entram os limites. A mãe precisa se cuidar e ter espaço para namorar. Se é casada ou não, precisa ser olhada. Mas muitas mães fazem dos filhos maridos, e acabam adoecendo os filhos e se adoecendo também.
RS: Tem mulheres que quando os filhos nascem optam por parar de trabalhar. É uma boa opção?
DK: É uma opção. Só que eu vejo que, lá na frente, paga-se um preço. Essa opção dá uma zona de tranqüilidade legal por alguns anos. Mas na minha experiência como profissional há 30 anos, eu tenho visto que, quando começa a bater a história do “ninho vazio” (filhos namorando, filhos que saem de casa), ela precisa se dedicar a alguma coisa. Todo mundo tem que ter algo para fazer, seja trabalho ou trabalho social voluntário.
RS: Como conciliar? Existe meio termo?
DK: Acho que as pessoas que conseguem não ser tão exigentes e vão fazendo aos poucos... Em alguns momentos, dão umas paradas... Elas podem se permitir até momentos sabáticos. Numa hora, cuidar mais disso, em outra menos... Sem abandonar sonhos. Tem um brilho no olhar diferente quem consegue se reconstruir.
RS: Como se sente uma mulher em ascensão na carreira quando engravida?
DK: Para algumas é o coroamento porque sentem “agora eu tô podendo, vou ter um filho”. Para algumas bate desespero, medo... Tem que trabalhar quem é este filho, que espaço ele vai ter.
RS: E a volta ao trabalho após licença-maternidade?
DK: É difícil, mas importante, porque a mulher precisa voltar. O ambiente de trabalho também deve reconhecer que ela está voltando. Mas talvez num outro ritmo. Não é mais só ela. Ela tem preocupações novas agora. Passa a ter uma sensibilidade maior - que até pode ajudar muito. Nos EUA e na Europa, estão voltando a pensar no meio período de trabalho e tem dado certo. A mulher fica mais em casa e rende mais no trabalho.
RS: Crianças precisam de pais por perto?
DK: Pais sempre são importantes. Precisam estar próximos. A criança precisa de formação. O olhar da mãe cuida e alimenta, ajuda num caminho. Ela pode fazer isso trabalhando. Sem dúvida, o filho vai se orgulhar dela e vai ser bom para ela. Ela vai se olhar no espelho e dizer “que legal, foi cansativo, mas eu estou aqui!“.
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Segue o Papo de Mãe sobre Carreira e Maternidade

sábado, 30 de janeiro de 2010

Maternidade e carreira: é possível conciliar?

Dicas para evitar frustrações na hora de tomar essa decisão delicada
Por Paloma Lopes
Ficar em casa exclusivamente cuidando dos filhos e dos afazeres domésticos é coisa do passado. Hoje, após as grandes lutas dos dois últimos séculos, as mulheres estão em pé de igualdade com o sexo oposto quando o assunto é mercado de trabalho. É certo que ainda há muito o que avançar, porém a mulher contemporânea já não se dedica mais somente à prole, ao marido e à casa. Além de todas essas funções, ela busca se realizar profissionalmente. Mas como o papel de mãe exige dedicação total e ininterrupta, como conciliar tantas obrigações? Como continuar investindo na carreira após a chegada dos herdeiros?
Quatro meses de licença-maternidade é pouco, disso nenhuma mãe discorda. Por isso, algumas mulheres decidem deixar o mercado de trabalho durante o primeiro ano de vida de seus filhos. A questão é que retomar as atividades depois de um longo período pode ser complicado, visto que a competitividade para conquistar e se manter em um bom emprego é grande. Além disso, como criar uma criança custa muito dinheiro, nem sempre a renda do parceiro é suficiente para cobrir todas as despesas da família. Não é por acaso que tantos casais optam por deixar o sonho de ter filhos para depois, quando alcançarem uma maior estabilidade financeira.
De acordo com Marilene Proença, psicóloga e presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), quando uma mulher decide abrir mão de sua carreira profissional para se dedicar exclusivamente à maternidade, deve ter em mente que essa é sua escolha pessoal, mantendo-se consciente de que não receberá recompensas futuras do filho ou do próprio companheiro. É preciso ter muita clareza ao fazer essa opção de vida, para depois não cair na armadilha de cobrar atitudes e agradecimentos posteriores que podem desgastar as relações familiares. Senão começa aquele discurso de eu fiz tudo por você, olha o que recebo em troca, alerta.
Segundo a psicóloga, a mulher não deve se sentir culpada caso decida por retomar a rotina profissional após o término da licença-maternidade. Não faz sentido algum achar que não será boa mãe se buscar a realização profissional. As duas funções podem muito bem coexistir. É claro que uma mulher que trabalha 12 horas por dia antes de engravidar e está sempre viajando a negócios, depois de ter um filho, precisará fazer uma revisão de sua rotina, visto que tanta ausência também não seria saudável para a criança. Mas nem por isso ela precisa abdicar de sua carreira, diz.
Marilene também destaca que é de fundamental importância que a mulher que trabalha fora dedique um tempo especial ao filho quando estiver em casa. A mãe deve reservar um tempo para estar exclusivamente com a criança, brincando, interagindo, entrando em seu mundo, orienta. Para ela, a participação do pai também deve ser ativa, inclusive nos cuidados do dia-a-dia, como dar banho, trocar fralda e acordar de madrugada. A decisão de ter filhos é do casal, por isso homem e mulher devem dividir as tarefas com a criança. A mulher é que se coloca, muitas vezes, nessa posição de abdicar de tudo pela maternidade. Imagina que o homem vai ficar em casa durante um ano para cuidar do bebê! Esse é um comportamento que se espera que venha somente da mulher, mas que precisa ser revisto, avalia.
A fonoaudióloga Juliana Portas, de 26 anos, está casada há dois anos e meio com o médico-cirurgião Renato Capuzzo, de 36, e desde o princípio, o marido sonha com um filho. Por ele, já teríamos tido um bebê. Mas a questão é que atualmente trabalho cerca de 12 horas por dia, pois além de atender meus pacientes no consultório e também em um hospital, estou concluindo meu mestrado. Ou seja, nesse ritmo fica impossível pensar em engravidar. Sem contar que meu marido é médico, e sequer tem os finais de semana livres, conta.
No entanto, como deve concluir o mestrado nos próximos meses, a fonoaudióloga faz planos de engravidar ainda em 2008. Se fosse considerar só o aspecto financeiro, poderia ter tido filhos antes, já que temos estabilidade. Mas eu também sempre quis me realizar profissionalmente, e mesmo depois da maternidade, quero continuar investindo na minha carreira. A única coisa é que terei que reduzir minha jornada de trabalho, pois também quero ter tempo pra cuidar e curtir o meu filho, planeja.
E você, o que pensa sobre o conflito entre carreira e maternidade? Será que dá para conciliar? Compartilhe conosco a sua experiência!
Um grande beijo,
Equipe Papo de Mãe

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não bata. Eduque!

Oi, pessoal!!!
O Papo de Mãe de hoje é sobre a complicada tarefa de impor limites aos filhos.
Realmente, quando se fala neste assunto, fica difícil saber até que ponto estamos agindo da maneira certa. Embora não exista uma receita ideal sobre qual a melhor forma de educar e impor limites, sabemos que se nossos atos forem tomados com bom senso, consciência e equilíbrio, a probabilidade de estarmos agindo da maneira correta é grande.
Na verdade, precisamos ser coerentes com o que fazemos e com o que ensinamos, afinal somos  referência para nossos filhos. Além disso, é sempre bom trocarmos experiências e ouvirmos o que os especialistas têm a dizer. A  entrevista com o Dr. Içami Tiba veio muito a contribuir neste sentido (vocês podem conferi-la na íntegra clicando aqui).
Infelizmente, muitos pais ainda insistem na velha prática de punir os filhos com castigos corporais. No entanto, este tipo de atitude só traz prejuízo aos envolvidos. Para esclarecer um pouquinho mais este tema, confiram este artigo sobre os malefícios dos castigos físicos, retirado do site www.naobataeduque.org.br.
Um grande beijo,
Equipe Papo de Mãe

Castigos físicos, mesmo com caráter “educativo”,
 causam danos à saúde de crianças e adolescentes

• Estudos demonstram que crianças expostas à violência doméstica podem acabar se transformando também em agressores;
• A linha que separa o castigo corporal autorizado do maltrato infantil é muito tênue;
• Castigos podem gerar problemas de saúde mental e comportamento anti-social.

O castigo físico contra a criança e o adolescente dentro do próprio lar é uma das formas mais comuns de violência familiar cometida no Brasil e no mundo, praticada há tempos e socialmente aceita como método corretivo pela maioria dos pais. Para muitos, dar uma palmada ou puxar a orelha dos filhos quando se comportam mal, entre outras formas de castigo corporal, é uma maneira eficaz de educá-los, contribuindo para o controle e a disciplina.
Segundo o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) lançado no último mês de agosto, somente 24 países proíbem os castigos físicos legalmente, e destes, apenas três são membros da Organização dos Estados Americanos (OEA): Uruguai, Venezuela e Costa Rica. Por outro lado, países como Peru, Brasil, Canadá e Nicarágua apresentaram recentemente iniciativas legislativas para proibir o castigo corporal contra as pessoas com menos de 18 anos. Em seu documento, a CIDH pede que os Estados proíbam toda forma de violência contra a infância e adolescência e solicita políticas públicas que enfoquem integralmente os direitos da criança. Estabelece, ainda, que até 2011, os países formalizem mecanismos de prevenção contra a violência infantil, incluindo medidas que possibilitem aos meninos e meninas denunciar maus tratos e, principalmente, serem ouvidos.
O relatório Mundial sobre a Violência e a Saúde (2002) e o Relatório sobre a Violência contra as Crianças, produzido pelo especialista Paulo Sérgio Pinheiro em 2006 para a ONU, conceituam a violência como o uso deliberado da força física ou do poder contra uma criança por uma pessoa ou por um grupo, seja por uma ameaça ou de forma efetiva, que cause ou tenha muitas probabilidades de causar prejuízo efetivo ou potencial à saúde dessa criança, à sua sobrevivência, seu desenvolvimento ou sua dignidade. Uma grande proporção de crianças e adolescentes em todo o mundo sofre significativa violência em seus lares. O estudo afirma, ainda, que grande parte da violência exercida contra o público infanto-juvenil permanece, por muitas causas, acobertada, dificultando a aplicação da justiça. Uma das razões para isso é o medo: muitas crianças têm temor de denunciar os episódios de violência que sofrem. Em outros casos, pais e mães, que deveriam proteger seus filhos, também por medo preferem o silêncio, principalmente se o responsável pela violência é o cônjuge ou algum membro da família.
A aceitação social da violência é um fator fundamental. Tanto as jovens vítimas quanto os agressores podem aceitar a violência física, sexual e psicológica como algo inevitável. E a disciplina cumprida mediante castigos físicos e humilhantes, intimidação e abuso sexual, com frequência é percebida como algo normal, especialmente quando não produz danos físicos “visíveis” ou imediatos.
Na publicação Situação Mundial da Infância 2007, o Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef aponta que, todos os anos, 275 milhões de meninos e meninas de todo mundo sofrem violência doméstica e padecem das consequências de uma turbulenta vida familiar. No próprio lar podem ser identificados diferentes tipos de violência como a física, gerada ao se aplicar castigos corporais; a verbal e psicológica, manifestada por palavras ofensivas, xingamentos, humilhações, gritos e insultos; e a violência sexual contra crianças e adolescentes, que consiste em praticar condutas sexuais seja por ameaças, agressão física ou chantagem emocional.
Mesmo que meninos e meninas não sejam o alvo imediato da violência familiar, as consequências para seu desenvolvimento futuro são grandes e graves. Estudos demonstram que algumas crianças que foram expostas à violência doméstica acabaram se transformando também em agressores, perpetuando o círculo vicioso durante gerações. Pesquisas realizadas em alguns dos principais países em desenvolvimento – como China, Colômbia, Egito, Filipinas, Índia, México e África do Sul – indicam que existe uma notável correlação entre a violência contra as mulheres e a violência contra a infância.
Já na maioria dos países da América Latina, segundo a organização Save the Children Suécia, a magnitude do problema do maltrato infantil não está suficientemente visível. As estatísticas que descrevem a violência física contra meninos e meninas correspondem a fontes de informação parciais, uma vez que em nenhum desses países existem dados oficiais centralizados que quantifiquem as diferentes intervenções de instituições públicas e privadas que cuidam das vítimas infanto-juvenis.
Lesões Físicas e Psicológicas
A eficácia do castigo físico diminui com o tempo e o grau de severidade tem que ser aumentado sistematicamente. O castigo corporal contra crianças e adolescentes pode lhes causar não só lesões, mas danos permanentes e até levá-los à morte. Atitudes extremas como essas constituem o maltrato infantil, forma distinta de castigo físico. Nos Estados Unidos, uma revisão de 66 casos de maltrato infantil concluiu que tanto o abuso quanto o maltrato ocorrem na maioria das vezes como “uma extensão de ações disciplinares que, em algum momento, e aos poucos, cruzam a linha que separa o castigo corporal autorizado do maltrato infantil não autorizado”.
O relatório mundial sobre Violência e Saúde da Organização Pan-americana de Saúde, divulgado em 2003, investigou provas de que enfermidades importantes da idade adulta – entre elas a cardiopatia isquêmica, o câncer, doença pulmonar crônica, a síndrome do intestino irritável e a fibromialgia – podem estar relacionadas com experiências de maltrato durante a infância. Em casos extremos, apanhar quando pequeno pode trazer, ainda, consequências mais graves para a saúde, como transtornos psiquiátricos e comportamento suicida.
De acordo com uma investigação feita pelo professor Murray Straus, da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, meninos e meninas castigados fisicamente apresentam, depois de quatro anos, um coeficiente intelectual baixo em comparação com os que nada sofreram. No grupo mais jovem, as crianças que não apanharam apresentaram 4 pontos a mais em seu coeficiente de inteligência do que as crianças que foram castigadas fisicamente. No grupo de crianças entre os 5 e 9 anos de idade, aqueles que não apanharam tiveram 2.8 pontos a mais em seu coeficiente intelectual que do os que sofreram castigos físicos, depois de quatro anos.
Já um informe elaborado por profissionais da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, destacou que o castigo físico põe em risco as crianças, gerando problemas de saúde mental e comportamento anti-social. Os castigos corporais não melhoram a conduta dos pequenos, como se pensa. Ao contrário disso, as vítimas tendem a perder a concentração nos estudos e aumentam suas possibilidades de se tornarem pessoas agressivas, competidoras e com predisposição a desenvolver, no futuro, relações violentas.
Segundo Márcia Oliveira, oficial de Programa para a América Latina e o Caribe da Save the Children Suécia, a temática dos castigos físicos no Brasil já foi vista com muita resistência. Mas foi a partir de 2005 que começou a surgir adesão de alguns grupos locais, provavelmente como reflexo do movimento internacional que estava sendo configurado. “A violência punitiva no Brasil começou com os escravos, depois com a mulher. A mulher lutou muito contra isso e nem em relacionamentos é mais permitido qualquer tipo de agressão, principalmente depois da lei Maria da Penha. Até com os animais é proibido o uso violência, nos circos existe todo um cuidado, uma cobrança. Só com as crianças que a violência física continua sendo permitida. Temos que pular esta etapa de igual forma, ainda mais quando o que sustenta esta prática é o mito da validade do castigo com fins de educação”, defende.
Márcia lembra que muitas pessoas não percebem os castigos físicos e humilhantes como uma forma de violência. E é essa violência que pode, em alguns casos, levar a criança para a rua. “Não é tanto a questão da pobreza, mas é a violência que leva a criança e o adolescente para a exploração sexual, para as drogas, para a prática do bullying. Não é uma causa única, mas contribui para o processo. Uma criança ou um jovem que pratica o bullying contra os colegas, por exemplo, normalmente está refletindo o que vive em casa, propagando a violência para o ambiente escolar”, aponta. “Se há presença da violência no espaço de maior proteção da criança, que é a família, imagina nos outros espaços”, lamenta Márcia.
Material de Apoio:
- Relatório sobre o Castigo Corporal e os Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2009 – Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
www.cidh.oas.org/Ninez/CastigoCorporal2009/CastigoCorporal.2.htm#XI
- Situação Mundial da Infância 2007 – Unicef
www.unicef.org/brazil/pt/sowc07.pdf
- Abuso Sexual Infantil e Exploração Sexual Comercial Infantil na América Latina e no Caribe 2006 – Save the Children Suécia
www.savethechildren.org.ar/index.php?option=com_content&task=view&id=69&Itemid=34

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Relação com avós

Olá!
Hoje o Papo de Mãe reapresentou o programa sobre a deliciosa relação entre avós e netos. Para ler as postagens antigas  sobre o assunto, clique aqui.
Fique agora com o relato da nossa telespectadora, a publicitária Marjorie Bier, de Santo Ângelo/ RS, sobre a sua bela relação com a avó (vovó Gilda, como é carinhosamente chamada). Confira!

Carne de tigre com abobrinha
Por Marjorie Bier


Fui uma criança um tanto imaginativa... Além disso, era mimada, malandra e chorona. Ganhava tudo na base da manha e ainda me fazia de coitadinha.
A maior lembrança que tenho com minha avó é de uma vez em que quis tanto ficar doente para não ir à escola - isso lá pelos seis anos - que a coisa acabou acontecendo mesmo...
Reza a lenda que eu tive um febrão e que virei o bicho mais dengoso da casa. Não queria comer, não queria brincar e não queria que ninguém saísse de perto de mim.
Faltei uma semana inteira de aula. Vi a família inteira tentando me animar, assisti a todos os desenhos na televisão e me recusei a comer a montanha verde a que era obrigada diariamente – a propósito, essa coisa de comer salada para crescer forte e saudável não funciona com criança. Aprendi a gostar disso depois de adulta e juro que foi porque a dieta exigiu. Caso contrário, seria a rainha do fast food e das comidinhas exóticas como carne de tigre com abobrinha, por exemplo...
Sim, o anjo aqui, no auge da enfermidade, resolveu sacanear a vovozinha que estava mais do que esmerada em me fazer comer. Prometi a ela que se o cardápio da noite fosse o que eu havia pedido (tigre), abandonaria a mamadeira e passaria a me alimentar direitinho...
Lembro do meu tio, malandro desde sempre, dar uma piscada rápida para a minha avó e, logo em seguida, sair do quarto em direção à sala. A casa em silêncio, a velhota calada e eu me sentindo a rainha da sabedoria...
Mas, para meu espanto, eis que surge o moçoilo com uma espingarda de pressão e um chapéu para minha avó. Saíram os dois, com aquela cara de “Indiana Jones”, prometendo trazer o que eu tanto queria comer...
Durante meia hora tive os devaneios mais loucos. Fiquei imaginando se eles teriam mesmo coragem de ir até o zoológico (tigre, para mim, só morava nesse lugar) e abater o bicho ou se o açougueiro da esquina, baixinho e bigodudo, teria encomendado a carne só para mim.
Depois de muita espera, entram os dois pela porta do meu quarto... Meu tio com o rosto sujo de terra e a respiração a milhão. Minha avó com a roupa embarrada, uma bandeja cheia de folhas e um prato com a maior porção possível de bife picadinho e tomate: “Mar, minha querida, a carne de tigre foi fácil, mas a abobrinha…” rsrsrs
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E a nossa DICA DE HOJE é o livro Psicanálise e Velhice - sobre a clínica do envelhecer, de Dorli Kamkhagi. Nesta obra, a autora discute os desafios de tornar-se velho na atualidade e de como lidar com a aproximação da morte, sem enveredar pela euforia ou pela negação, tampouco abraçando uma visão depressiva. Nos três primeiros capítulos, ela nos prepara para o tema. No primeiro, repassa os diversos papéis sociais ocupados pelos velhos ao longo da história. No segundo, discute o que o atual imaginário social nos espelha sobre o envelhecer hoje. E no terceiro, aborda brevemente determinados aspectos fisiológicos. Nos três capítulos seguintes, ela entra no cerne de seu tema: como seria a clínica do envelhecimento nos dias de hoje a partir dos aportes psicanalíticos? E ela o faz de modo vivo e sempre próximo ao cotidiano. No quarto capítulo, apresenta variados fragmentos clínicos de suas sessões com os inúmeros pacientes que atendeu tanto em análises individuais como em grupos terapêuticos. No quinto, nos indica em que os aportes da psicanálise podem nos ajudar a lidar com as questões que os pacientes idosos (e também os não idosos) trazem sobre o envelhecer e a perspectiva da morte, bem como repassa a literatura psicanalítica sobre o tema. Finalmente, no sexto e último capítulo, articula toda esta massa de informações e apresenta conclusões. Sem dúvida, uma leitura indispensável não só para os interessados na clínica psicanalítica dos idosos, mas para todos que se interessarem sobre o tema do envelhecer.
Dorli Kamkhagi é terapeuta, mestre em Gerontologia pela PUC-SP e psicóloga do Centro de Estimulação Cognitiva e Funcional do Idoso do Programa de Psicogeriatria do Hospital das Clínicas. É também colunista do site http://www.delas.ig.com.br/.
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ATENÇÃO!!!
Em breve entraremos no estúdio para gravar mais 3 programas. Os assuntos são os seguintes: animais de estimação; filhos prematuros; crianças desaparecidas. Se você quiser participar, tiver um relato interessante para contar ou perguntas para fazer aos nossos especialistas, escreva para [email protected] ou nos comentários abaixo. Participe!!!
Um grande beijo,
Equipe Papo de Mãe

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Alimentação infantil: 20 mitos e verdades

Olá!!!
Hoje o Papo de Mãe é sobre Alimentação Infantil e o programa está nota 10! Para conferir as postagens anteriores sobre o assunto, clique aqui. Fique agora com uma lista de 20 mitos e verdades que envolvem o tema e que podem ajudá-lo na hora de preparar o prato do seu filho!
20 mitos e verdades
por Beth Fernandes


1. Suco de beterraba acaba com anemia? Não. Uma xícara de beterraba ralada possui, pasme, apenas 0,8 miligrama de ferro. “A criança anêmica tem que consumir todo santo dia 5 miligramas do mineral para cada quilo de peso, durante três meses”, explica o pediatra Ary Lopes Cardoso, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Já um bife pequeno de fígado tem, em média, 8,5 miligramas desse nutriente.
2. Posso colocar todos os dias um bolinho desses comprados prontos na lancheira do meu filho? Se for sem recheio nem cobertura, vá em frente. “Eles são ótimas fontes de carboidratos”, afirma a nutricionista Priscila Maximino, da Nutrociência, em São Paulo. Mas, se pertencer à categoria dos recheados, a coisa muda de figura. Para obter a consistência cremosa, os recheios são produzidos com gordura hidrogenada, verdadeiro veneno. Em altas quantidades, leva à obesidade e ao aumento do colesterol (sim, criança também pode acumular essa substância nas artérias). Para variar, experimente substituir os bolos por bolachas salgadas ou um sanduíche.
3. Crianças de qualquer idade podem comer frutos do mar? “De jeito nenhum. Por uma questão de segurança, espere que complete 2 anos”, orienta Priscila Maximino. Os principais riscos são a intoxicação alimentar e as alergias. É bem verdade que cozinhar ou assar esse tipo de alimento diminui o perigo, mas, como seguro morreu de velho, é melhor evitar.
4. Café faz mal para os baixinhos? A bebida não é das mais indicadas, porque a cafeína pode deixar a criança agitada. “Porém, uma xícara pequena de café puro por dia não faz mal a ninguém”, afirma Ary Lopes, para alívio das mães que não abrem mão do pretinho misturado com o leite. Se você já ouviu dizer que ele prejudica a absorção de cálcio, saiba que não há razão para se preocupar. “A quantidade de cafeína presente em um copo de café com leite é tão pequena que não interfere na retenção do mineral pelo organismo”, esclarece o nutrólogo e pediatra Mauro Fisberg, da Universidade São Marcos, em São Paulo.
5. O leite de soja pode substituir o de vaca? “Sim, se o problema for intolerância à lactose”, explica Renata Cocco, pediatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Se não, o de vaca é melhor, porque tem mais cálcio.” É bom saber, ainda, que um grupo de proteínas do leite de vaca, as caseínas, pode provocar reações como urticária. Por isso, em caso de dúvida, consulte o pediatra. Só ele pode pode recomendar o tipo de leite mais adequado para a sua criança.
6. Meu filho adora peixe cru. Tudo bem? Acima de 2 anos, tudo bem. “Para não arriscar, só vá a restaurantes impecáveis no que se refere à higiene”, recomenda Ary Lopes. Caso a preferência recaia sobre o salmão — que andou na berlinda como agente da difilobotríase (doença que provoca dor abdominal, náuseas e vômitos) —, cheque se foi previamente congelado a 21 graus e se o estabelecimento tem o certificado sanitário, que garante a procedência e a qualidade do pescado.
7. Alimentos com corantes causam alergia? A resposta é não para a grande maioria dos baixinhos. Além dos corantes, os espessantes e os conservantes, encontrados nos produtos industrializados, também são mal-afamados. “Mas testes comprovam que apenas 5% dessas substâncias estão relacionadas a crises alérgicas”, revela a pediatra Renata Cocco. “Já os alérgicos ao ácido acetilsalicílico, componente da aspirina, precisam tomar cuidado, porque tendem a apresentar reações aditivos alimentares.”
8. A carne vermelha é essencial para a criança crescer saudável? “Sim, ela é uma importante fonte de proteínas, gordura, ferro e zinco”, confirma a médica Roseli Sarni, presidente do departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Contra anemia, ela é imbatível. Está lotada do chamado ferro-heme, ou ferro orgânico, que é muito mais bem aproveitado pelo corpo do que o mineral presente nos vegetais. Segundo a especialista, a anemia afeta mais de 40% das crianças em idade pré-escolar no Brasil. Por isso a carne vermelha deve ser consumida ao menos três vezes por semana, de preferência acompanhado de uma fonte de vitamina C, como a laranja, para aumentar a absorção do ferro. O frango e o peixe são bons substitutos, mas, fique sabendo, não contêm a mesma concentração do tal ferro-heme.
9. Refrigerante diet e guloseimas adoçadas artificialmente devem ser evitados? "Não há nenhum componente nesses produtos que seja comprovadamente nocivo à saúde”, afirma a pediatra Renata Cocco. Nenhum estudo concluiu, por exemplo, que aspartame faça mal ao organismo dos pequenos.“Mas, por serem artificiais, recomendamos que esses alimentos sejam consumidos só quando realmente há necessidade", explica a pediatra.
10. Gemada é capaz de dar pique? Ela foi a queridinha das mães zelosas até alguns anos atrás. Não é mais, até porque nem mesmo os especialistas a recomendam. “O ovo cru pode estar contaminado com salmonela”, adverte a nutricionista infantil Suzy Graff, de São Paulo. “A bactéria pode provocar diarréia, vômito ou até levar à morte.” Infelizmente, ovos de diversas marcas podem estar contaminados por causa de higiene e refrigeração deficientes. Como é quase impossível saber quais têm condições de consumo, o mais seguro é fritá-los ou, melhor ainda, cozinhá-los.
11. É verdade que alimentos crus e duros ajudam a desenvolver a musculatura da boca? “Sim, eles estimulam a mastigação, fortalecendo os músculos e facilitando a fala”, diz Renata Cocco. Quando introduzir a sopa na dieta do bebê, em vez de bater os ingredientes no liquidificador, experimente passá-los na peneira. Depois que seu filho estiver mais crescido, amasse os alimentos com um garfo para que possam ser mastigados. E, assim que alguns dentes tiverem nascido, ofereça alimentos crus, como a cenoura e a maçã, em pequenos pedaços — esta última dica, aliás, vale para todo o resto da infância e a adolescência.
12. Leite fermentado ajuda a combater a diarréia? “Sim, os lactobacilos presentes no leite fermentado competem com as bactérias nocivas no organismo, modificando e colonizando a flora intestinal com germes benéficos”, informa o nutrólogo Mauro Fisberg, de São Paulo. Assim, o consumo desse tipo de bebida pode abreviar a duração da diarréia. Se o problema persistir, procure o pediatra.
13. Jantar muito tarde provoca sono agitado? A chance de isso acontecer é grande, principalmente se a refeição for rica em gordura, que leva mais tempo para ser digerida, e a criança for para a cama logo depois de comer. Durante o sono, o organismo funciona mais lentamente e isso inclui a digestão. O estômago, então, fica mais pesado e chega a incomodar. “Já uma refeição com baixo teor de gordura leva pelo menos duas horas para ser digerida”, afirma Ary Lopes Cardoso. “Após esse período a criança pode se deitar tranqüilamente”, completa o médico.
14. O que a mãe deve observar no rótulo – o índice de gordura ou o de sódio? Os dois. Não há uma dosagem máxima recomendada por produto — e, se houvesse, ela seria diferente conforme a idade. Mesmo assim é bom ficar de olho nesses ingredientes. A gordura, lembre-se sempre, não pode fornecer mais do que 30% das calorias diárias consumidas pela criança. Não precisa ficar fazendo conta a toda hora: basta usar o bom senso e, se oferecer algo com teor de gordura nas alturas ao seu filho, cuidar para que o restante do cardápio daquele dia seja mais leve. Para o sódio, vale o mesmo raciocínio, lembrando que até 12% da meninada entre 6 e 18 anos é hipertensa — e aí o excesso de sal, já sabe… Vale conversar com o pediatra sobre o assunto, afastar essa hipótese e pedir uma orientação sobre o consumo diário de sal adequado para o seu filho.
15. É melhor comer frutas com ou sem casca? “O mais indicado é consumi-las com casca, quando possível, porque ela é uma ótima fonte de fibras”, garante Fábio Ancona Lopes, especialista em nutrição infantil da Unifesp. Mas enfatiza: as frutas devem ser muito bem lavadas em água corrente e com a ajuda de uma escovinha, para que fiquem livres de resíduos de agrotóxicos, substâncias extremamente prejudiciais.
16. Os macarrões instantâneos são liberados? “A massa em si não faz mal nenhum, pois é uma excelente fonte de carboidratos”, afirma a médica Roseli Sarni. O problema está no condimento que dá sabor e faz com que o prato seja um dos preferidos da garotada. “Além de ser um tempero artificial, ele contém grande quantidade de sódio, que leva ao aumento da pressão e à retenção de água.” Em outras palavras, poder pode, mas só de vez em quando.
17. Vale a pena incluir aqueles pós multivitaminados na alimentação dos meus filhos? “Esses pós devem ser ingeridos como complementos da alimentação só se a criança apresentar déficit de nutrientes ou estiver abaixo do peso.”, diz Mauro Fisberg. Eles são indicados principalmente quando é necessário aumentar o aporte de calorias, vitaminas ou sais minerais no organismo. O ideal é que esse tipo de suplemento seja utilizado sob a orientação de um nutricionista, já que é muito calórico.
18. As informações estampadas nas embalagens se referem às necessidades nutricionais de crianças ou de adultos? “Em geral elas se referem às necessidades dos adultos, exceto quando os produtos são dirigidos ao público infantil”, esclarece Fábio Ancona Lopes. “O importante é saber que cada idade requer tipos e quantidades específicos de nutrientes”, completa. E as recomendações mais indicadas para cada faixa só o especialista pode fazer. Moral da história: vale olhar o rótulo? Até vale, mas apenas para ter uma leve referência quando o consumidor é uma criança.
19. Sopas prontas substituem uma refeição? “De jeito nenhum. A quantidade de fibras e nutrientes presente nesses produtos é muito pequena”, diz categoricamente a nutricionista Priscila Maximino. Sem falar no alto teor de sódio. Se numa hora de aperto você precisar recorrer à praticidade desse tipo de refeição, trate de complementá-la com uma porção de carne, outra de legumes e uma fruta. Lembre-se: nada como a velha e boa sopa caseira, preparada com ingredientes fresquinhos.
20. Quantas vezes por semana doces e refrigerantes podem entrar no cardápio? Depende. “Se a criança estiver acima do peso, ofereça duas porções de desses itens por semana”, recomenda a nutricionista Priscila Maximino. Mas, se ela não vive em pé de guerra com a balança, três porções semanais estão de bom tamanho. “Esses alimentos devem ser oferecidos com muito mais parcimônia em caso de colesterol ou triglicérides altos ou mesmo hipertensão”, completa.
Fonte: http://saude.abril.com.br/especiais/nutri_infantil/mitos_verdades.shtml?pagin=1
E na sua casa, como você lida com este assunto? Seus filhos se alimentam de maneira adequada? Que dica você daria aos pais que têm problemas com a alimentação de seus filhos? Participe!!! Aguardamos seus comentários!!!
Beijos,
Equipe Papo de Mãe 
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PS: Em breve entraremos no estúdio para gravar mais 3 programas. Os assuntos são os seguintes: animais de estimação; filhos prematuros; crianças desaparecidas.
Se você quiser participar, tiver um relato interessante para contar ou perguntas para fazer aos nossos especialistas, escreva para [email protected] ou nos comentários abaixo. Participe!!!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Pais separados e alienação parental

Olá, pessoal!
Neste domingo, o Papo de Mãe reapresenta o programa sobre Pais Separados, tema cada vez mais frequente na sociedade atual. A propósito, vocês sabiam que no Brasil, de acordo com o IBGE, para cada quatro casamentos, ocorre uma separação? E que em 23 anos a taxa de divórcios cresceu mais de 200%? É verdade. Só em 2007, foram quase 180 mil divórcios. A explicação para isso seria a mudança no comportamento da sociedade, que passou a aceitar o divórcio com maior naturalidade.
No último levantamento feito pelo IBGE, em 89% dos divórcios, a responsabilidade pela guarda dos filhos ficou com a mulher. Em 76%, houve comum acordo. Mas isso vem diminuindo. Nos últimos dez anos, o número de divórcios não consensuais aumentou. Tanto é que existe uma lei que obriga as escolas a fornecer a pais separados uma cópia do boletim escolar dos filhos para cada um dos genitores, além de passar dados sobre o desempenho e a frequência escolar. O objetivo é ajudar muitos pais que não conseguem ter acesso às informações escolares dos filhos – o que acontece muito em casos de alienação parental, por exemplo.
Para quem não sabe, a Síndrome de Alienação Parental (SAP), também conhecida pela sigla em inglês PAS, consiste na situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de rejeição em relação ao outro.
Os casos mais freqüentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao ex-parceiro, onde o genitor alienante tenta a todo custo excluir o outro da vida dos filhos, interferindo nas visitas, atacando a relação, denegrindo a imagem e assim por diante... Como consequência, a criança alienada, normalmente, apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado, se recusando a dar atenção, visitar, ou a se comunicar. Além disso, as crianças vítimas da SAP são mais propensas a apresentar distúrbios psicológicos (como depressão, ansiedade e pânico), utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação, apresentar baixa auto-estima, fraco rendimento escolar, dificuldades de socialização, dentre outros sintomas.
Na verdade, trata-se uma atitude extremamente maléfica e errônea que pode acarretar consequências muito negativas na vida de uma criança e que podem comprometer sua personalidade futura. Por mais que seja difícil, é preciso separar a relação entre o ex-casal da relação entre os filhos - que não têm culpa dos atos cometidos por seus pais e que, por isto, não devem pagar por eles...
Pensando nisto, o Projeto de Lei 4053/08, do deputado federal Regis de Oliveira, tem como proposta regulamentar a Síndrome da Alienação Parental e estabelece diversas punições para essa má conduta, que vão desde advertência e multa até a perda da guarda da criança. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, terá agora seu mérito examinado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e depois irá para o Senado.
Para maiores informações sobre a SAP visite o site www.alienacaoparental.com.br.

E você, conhece algum caso de alienação parental? Já foi vítima? Qual sua opinião sobre o assunto? Compartilhe conosco a sua história!!!
Um grande beijo,
Equipe Papo de Mãe

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O que é Cyberbullying?

Oi, gente!
O Papo de Mãe desta terça-feira reprisa o programa sobre BULLYING - violência no ambiente escolar. Tema sério e de interesse de todos. Vale a pena conferir o programa e o material que temos disponível no site. Para acessá-lo, clique aqui.
E para acrescentar um pouco mais de informação, trouxemos este texto que aborda o CYBERBULLYING, uma versão moderna do famigerado bullying. Leiam e façam seus comentários!!!

O que é Cyberbullying?
Por Giulianna Oliveira Santos

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Síndrome de Down

Oi, pessoal!
Hoje o Papo é sobre Síndrome de Down e o programa está emocionante!!!
Para ler a entrevista que o Dr. Zan Mustacchi, pediatra especialista em Síndrome de Down,  concedeu à nossa repórter Rosângela Santos, clique aqui.
Agora, seguem as fotos que foram tiradas no programa!!!







Para maiores informações, acessem o sites de nossos convidados:
E amanhã, terça-feira, 18h30, o programa é sobre Bullying - violência no ambiente escolar. Imperdível!!!
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ATENÇÃO, PESSOAL!!!
Em breve entraremos no estúdio para gravar mais 3 programas. Os assuntos são os seguintes:
* Animais de estimação
* Filhos Prematuros
* Crianças desaparecidas
Se você quiser participar, tiver um relato interessante para contar ou perguntas para fazer aos nossos especialistas, escreva para [email protected] ou nos comentários abaixo. Participem!!!
Beijos,
Equipe Papo de Mãe

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Homenagem a Zilda Arns


Oi, gente!
Hoje, o Papo de Mãe gostaria de prestar uma homenagem a uma pessoa muito especial. Na verdade, trata-se de uma grande mãe - de muitos e muitos filhos espalhados pelo mundo - que, infelizmente, nos deixou. Estamos falando de Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança  e da Pastoral da Pessoa Idosa,  organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), falecida em 12 de janeiro de 2010, em Porto Príncipe, Haiti (nesta recente tragédia, que todos estamos acompanhando pelos noticiários).
De acordo com a Pastoral, Zilda estava no Haiti desde a última segunda-feira para participar de um encontro com religiosos e também para motivar os líderes e voluntários da Pastoral da Criança no Haiti que trabalham com crianças, gestantes e famílias.
A seguir, reproduzimos para vocês a íntegra da palestra que a Dra. Zilda havia preparado para apresentar no Haiti.
 
Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, Haiti, para participar da assembleia de religiosos. Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.
Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da Paz nas famílias e nas nações. A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social.
A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).
Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.
O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, famílias e pais a serem mais justos e fraternos.
Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão de fé e vida. Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.
Não é por nada que disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrará no Reino dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino dos Céus" (Lc 18, 16).
Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).
Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" há mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.
Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7.000 paróquias de todas as Dioceses da Brasil.
Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, em serviço da vida e da esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.
O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.
Um pouco de história:
Sou a 12ª de 13 irmãos, cinco deles são religiosos. Três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Um deles é D. Paulo Evaristo, o Cardel Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante os vinte anos da ditadura militar do Brasil.
Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, D. Paulo me chamou pelo telefone a noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral. Considerado como o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido a diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil e no mundo. James Grant conseguiu convencer a D. Paulo para que motivasse a Igreja Católica a ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral. Isto podia salvar milhares de vidas.
Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite história, reunida com os cinco filhos, entre os nove e dezenove anos, quando recebi a chamada telefônica do meu irmão D. Paulo. Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir sobre ele. Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!
Creio que Deus, de certo modo, havia me preparado para esta missão. Baseada na minha experiência como médica pediatra e especialista em saúde pública e nos muitos anos de direção dos serviços públicos de saúde materna-infantil, compreendi que, além de melhorar a qualidade dos serviços públicos e facilitar às mães e crianças o acesso a eles, o que mais falta fazia às mães pobres era o conhecimento e a solidariedade fraterna, para que pudessem colocar em prática algumas medidas básicas simples e capazes de salvar seus filhos da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.
Me vem a mente então a metodologia que utilizou Jesus para saciar a fome de 5.000 homens, sem contar as mulheres e as crianças. Era noite e tinham fome. Os discípulos disseram a Jesus que o melhor era que deixassem suas casa, mas Jesus ordenou: "Dai-lhes vós de comer". O apóstolo Felipe disse a Jesus que não tinham dinheiro para comprar comida para tanta gente. André, irmão de Simão, sinalou a uma criança que tinha dois peixes e cinco pães. E Jesus mandou que se sentassem em grupos de cinquenta a cem pessoas (em pequenas comunidades). Então pensei: Por que morrem milhões de crianças por motivos que podem facilmente ser prevenidos? O que faz com que eles se tornem criminosos e violentos na adolescência?
Recordei o inicio da minha carreira, quando me desafiei a querer diminuir a mortalidade infantil e a desnutrição. Vieram a minha mente milhares de mães que trocaram o leite materno pela mamadeira diluída em água suja. Outras mães que não vacinam seus filhos, quando não havia ainda cesta básica no Centro de Saúde. Outras mães que limpavam o nariz de todos os seus filhos com o mesmo pano, ou pegavam seus filhos e os humilhavam quando faziam xixi na cama. E ainda mais triste, quando o pai chegava em casa bêbado. Ao ouvir o grito de fome e carinho de seus filhos, os venciam mesmo quando eram muito pequenos. Sabe-se, segundo resultados de pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), cuja publicação acompanhei em 1994, que as crianças maltratadas antes de um ano de idade têm uma tendência significativa para violência, e com frequência fazem crimes antes dos 25 anos.
A Igreja, que somos todos nós, que devíamos fazer?
Tive a seguridade de seguir a metodologia de Jesus: organizara as pessoas em pequenas comunidades; identificar líderes, famílias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os líderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espírito da fé e vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para que não se desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estes sejam saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compressão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade. E vi diante de mim muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.
Senti que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças, mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor", que estão atentos a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam. Os pobres e os excluídos.
Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade pobre, onde identifique famílias com grávidas e filhos menores de seis anos e lideres comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante ações de maneira ecumênica, pois Jesus veio par que "todos tenham Vida e Vida em abundância" (João 10,10). Isto é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades pobres, identificar as crianças menores de 6 anos e suas famílias e lideres comunitários que desejam trabalhar voluntariamente.
Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil, em mais de 40 mil comunidades, de 7.000 paróquias de todas as 272 diocese e preladias. Está se estendendo a 20 países. Estes são, na América Latina e no Caribe: Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na África: Angola, Guiné-Bissau, Guiné Conakry e Moçambique e na Ásia: Filipinas e Timor Leste.
Para organizar melhor e compartilhar as informações e a solidariedade fraterna entre as mães e famílias vizinhas, as ações se baseiam em três estratégias de educação e comunicação: individual, de grupo e de massas. A Pastoral da Criança utiliza simultaneamente as três formas de comunicação para reforçar a mensagem, motivar e promover mudanças de conduta, fortalecendo as famílias com informações sobre como cuidar dos filhos, promovendo a solidariedade fraterna. 
A educação e comunicação individual se fazem através da 'Visita Domiciliar Mensal nas famílias' com grávidas e filhos. Os líderes acompanham as famílias vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indígenas e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas. Atravessam rios e mares, sobem e descem montes de encostas íngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das mães e famílias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem. Com muita confiança e ternura, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva a inclusão social.
Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A Paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a distribuição de seis milhões de folhetos com "10 Mandamentos para alcançar a paz na família", debatíamos nas comunidades e nas escolas, do norte ao sul do país.
As visitas, entre tantas outras ações, servem para promover a amamentação materna, uma escola de dialogo e compartilhar, principalmente quando se dá como alimento exclusivo até os seis meses e se continua dando como alimento preferencial além do um ano, inclusive além dos dois anos, complementarmente com outros alimentos saudáveis. A sucção adapta os músculos e ossos para uma boa dicção, uma melhor respiração e uma arcada dentária mais saudável. O carinho da mãe acariciando a cabeça do bebe melhora a conexão dos neurônios. A psicomotricidade da criança que mama no peito é mais avançada. Tanto é assim que se senta, anda e fala mais rápido, aprende melhor na escola. É fator essencial para o desenvolvimento afetivo e proteção da saúde dos bebês, para toda a vida. A solidariedade desponta, promovida pelas horas de contato direto com a mãe. Durante a visita domiciliar, a educação das mulheres e de seus familiares eleva a autoestima, estimula os cuidados pessoais e os cuidados com as crianças. Com esta educação das famílias se promove a inclusão social.
A educação e a comunicação grupal têm lugar cada em cada mês em milhares de comunidades. Esse é o Dia da Celebração da Vida. Momento dedicado ao fortalecimento da fé e da amizade entre famílias. Além do controle nutricional, estão os brinquedos e as brincadeiras com as crianças e a orientação sobre a cidadania. Neste dia as mães compartilham práticas de aproveitamento adequado de alimentos da região de baixo custo e alto valor nutritivo. As frutas, folhas verdes, sementes e talos, que muitas vezes não são valorizados pelas famílias.
Outra oportunidade de formação de grupo é a Reunião Mensal de Reflexão e Evolução dos líderes da comunidade. O objetivo principal desta reunião é discutir e estabelecer soluções para os problemas encontrados.
Essas ações integram o sistema de informação da Pastoral da Criança para poder acompanhar os esforços realizados e seus resultados através de Indicadores. A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo, hoje está em 3,1%. A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança. O índice nacional é 2,33, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Estes resultados têm servido de base para conquistar entidades, como o Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas. Elas nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1.
Em relação à educação e à comunicação de massas apresentará três experiências concretas de como a comunicação é um instrumento de defesa dos direitos da infância.
Materiais impressos:
O material impresso foi concebido especificamente para ajudar a formação do líder da Pastoral da Criança. Os instrutores e os multiplicadores servem como ferramenta de trabalho na tarefa de guiar as famílias e comunidades sobre questões de saúde, nutrição, educação e cidadania. Além do Guia da Pastoral da Criança, se colocou em marcha publicações como o Manual do Facilitador, Brinquedos e Jogos, Comida e as Hortas Familiares, alfabetização de jovens e adultos e mobilização social.
O jornal da Pastoral da Criança, com tiragem mensal de cerca de 280 mil, ou seja 3 milhões e 300 mil exemplares por ano, chega a todos os líderes da Pastoral da Criança. É uma ferramenta para a formação continua.
O Boletim Dicas abarca questões relacionadas com a saúde e a educação para cidadania. Este especialmente concebido para os coordenadores e capacitadores da Pastoral da Criança. Cada publicação chega a 7.000 coordenadores.
Para ajudar na vigilância das mulheres grávidas, a Pastoral da Criança criou os laços de amor, cartões com conselhos sobre a gravidez e um partos saudável.
Outros materiais impressos de grande impacto social é o folheto com os 10 mandamentos para a Paz na Família, 12 milhões de folhetos foram distribuídos nos últimos anos.
Além desses materiais impressos, se envia para as comunidades da Pastoral da Criança material para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no dia da celebração da vida.
Material de som e vídeo:
Outra área em que a Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O Show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança, chega a milhões de ouvintes em todo Brasil. Com os temas de saúde, de educação na primeira infância e a transformação social, o programa de rádio Viva a Vida se transmite semanalmente 3.740 vezes. Estamos "no ar", de 2.310 horas semanais em todo Brasil. Além disso, o Programa Viva a Vida também se executa em vários tipos de sistemas de som de CD e aparados nas reuniões de grupo.
A Pastoral da Criança também produz filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases. Atualmente há 12 títulos produzidos que sem ocupam na prevenção da violência contra as crianças, comida saudável, na gravidez, e na participação dos Conselhos Municipais de Saúde, na preservação da AIDS e outros.
Campanhas:
A Pastoral da Infância realiza e colabora em várias campanhas para melhorar a qualidade de vida das mulheres grávidas, famílias e crianças. Estes são alguns exemplos:
a. Campanhas de sais de reidratação oral
b. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos cartórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem certidões de nascimentos. A mobilização nacional para o registro civil de nascimento, que une o Estado brasileiro e a sociedade, [busca] garantir a cada cidadão de pleno direito o nome e os direitos.
c. Campanha para promover o aleitamento materno: o leite materno é um alimento perfeito que Deus colocou à disposição nos primeiros anos de vida. Permanentemente, a Pastoral da Criança promove o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, em seguida, continuar, com outros alimentos. Isso protege contra doenças, desenvolve melhor e fortalece a criança.
d. Campanha de prevenção da tuberculose, pneumonia e hanseníase: as três doenças continuam a afetar muitas crianças e adultos em nosso país. A Pastoral da Criança prepara materiais específicos de comunicação para educar o público sobre sintomas, tratamento e meios de prevenção destas doenças.
e. Campanha de Saneamento: o acesso à água potável e o tratamento de águas residuais contribuem para a redução da mortalidade infantil. A Pastoral da Criança, em colaboração com outros organismos, mobiliza a comunidade para a demanda por tais serviços a governos locais e usa os meios ao seu dispor para divulgar informações relacionadas ao saneamento.
f. Campanha de HIV/Aids e Sífilis: o teste do HIV/Aids e sífilis durante o pré-natal permite a redução de 25% para 1% do risco de transmissão para o bebê. A Pastoral da Criança apoia a campanha nacional para o diagnóstico precoce destas doenças.
g. Campanha para a Prevenção da morte súbita de bebês "Dormir de barriga para cima é mais seguro": Com a finalidade de alertar sobre os riscos e evitar até 70% das mortes súbitas na infância, a Pastoral da Criança lançou esta grande campanha dirigida às famílias para que coloquem seus bebês para dormir de barriga para cima.
h. Campanha de Prevenção do Abuso Infantil: Com esta campanha, a Pastoral da Criança esclarece as famílias e a sociedade sobre a importância da prevenção da violência, espancamentos e abuso sexual. Esta campanha inclui a distribuição de folheto com os dez mandamentos para a paz na família, como um incentivo para manter as crianças em uma atmosfera de paz e harmonia.
i. Campanha - 20 de novembro, dia de oração e de ação para as crianças: A Pastoral da Criança participa dos esforços globais para a assistência integral e proteção a crianças e adolescentes, em colaboração com a Rede Mundial de Religiões para a Infância (GNRC).
Em dezembro de 2009, completei 50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou de outra agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que estimulasse a espiritualidade como um componente do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 países, em favor da infância, tive a satisfação de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo". Este foi um avanço, e vem ao encontro do processo de formação e comunicação que fazemos na Pastoral da Criança. Neste processo, vê-se a pessoa de maneira completa e integrada em sua relação pessoal com o próximo, com o ambiente e com Deus.
Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente. Como destaca o recente documento do papa Bento 16, "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), "a natureza é um dom de Deus, e precisa ser usada com responsabilidade." O mundo está despertando para os sinais do aquecimento global, que se manifesta nos desastres naturais, mais intensos e frequentes. A grande crise econômica demonstrou a inter-relação entre os países.
Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz.
Final:
Desde a sua fundação, a Pastoral da Criança investe na formação dos voluntários e no acompanhamento de crianças e mulheres grávidas, na família e na comunidade.
Atualmente, existem 1.985.347 crianças, 108.342 mulheres grávidas de 1.553.717 famílias. Sua metodologia comunitária e seus resultados, assim como sua participação na promoção de políticas públicas com a presença em Conselhos de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente e em outros conselhos levaram a mudanças profundas no país, melhorando os indicadores sociais e econômicos. Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais. Tudo isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. Neste espírito, ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar as soluções para os graves problemas sociais que afetam as famílias pobres.
Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.
Muito Obrigada!
Que Deus esteja convosco!
Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e especialista em Saúde Pública
Fundadora e Coordenadora da Pastoral da Criança Internacional
Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa

* Para saber mais sobre Zilda Arns e o trabalho da Pastoral da Criança visite o site http://www.pastoraldacrianca.org.br/
* Vejam também o belo texto de autoria do jornalista Ricardo Kotscho sobre a tragédia no Haiti clicando aqui.
Beijos,
Equipe Papo de Mãe