Olá! Voltamos para falar um pouco mais do tema da semana: Violência nas escolas.
Bem, como vocês devem imaginar, as histórias de violência são muitas, de vários tipos. Sofrem alunos, sofrem pais, sofrem professores, sofre a sociedade... E o que fazer? Não dá para simplesmente cruzarmos os braços, certo?
Bem, a seguir vocês conferem 2 relatos de telespectadores que escreveram para o Papo de Mãe e nos autorizaram a compartilhar suas experiências. O primeiro é de uma mãe, cuja filha foi vítima de bullying na escola. O segundo é de um professor, que em tom de desabafo nos conta como é difícil lidar com os jovens hoje em dia.
PRIMEIRO RELATO
"Olá, mães. Gostaria de relatar aqui minha história... ou melhor, da minha filha... Anna Beatriz (minha filha) tem 9 anos e há 1 ano 2 meses tirou um linfoma (câncer) do intestino. Fez quimioterapia durante 6 meses em Campinas na Clínica Infantil Boldrini, que por sinal é maravilhosa. Desde de agosto passado, estamos em casa (Glória a DEUS!) e ela voltou à sua rotina normal: escola, balé, igreja, catequese, etc.
Numa manha ela chegou e disse: “Mãe, eu não quero ir mais para a escola”. Perguntei por que e ela disse que as meninas da sala dela não gostavam dela. Perguntei o motivo e ela disse que era porque ela tinha cabelo curto (o cabelo está crescendo em virtude da quimioterapia).
Fiquei indignada como que crianças podem ser tão cruéis! Conversei bastante com minha filha e acho que ficou bem resolvido. Ela não é mais "amiga" daquelas meninas e está indo muito bem na escola. Antes da minha filha voltar à escola, a professora conversou com as crianças. Mas acho que não deu o efeito esperado em todas... Temos que fazer algo contra o BULLYING, pois está acabando com nossas crianças, e fazendo das escolas um campo de batalha. Obrigada". Elsye Beatriz, mãe da Anna Beatriz.
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SEGUNDO RELATO
"A respeito da temática desta semana, eu, particularmente, não passei pela triste experiência de testemunhar casos de bullying na escola onde trabalho. Todavia, as formas de violência são generalizadas e a cada dia o professor se depara com novos desafios no ambiente da sala de aula.
O que vejo mais "comum", é uma espécie daquilo que passei a chamar de "código de agressão". Ocorre toda vez que um determinado aluno diz ou responde algo que não é aceito pelo grupo. Ele é abordado mesmo dentro da sala de aula e recebe um tapa de todos os demais. Por diversas vezes, já tentei intervir e conversar com a turma a respeito desses modelos de conduta violenta, esclarecendo que a sala de aula - e a escola como um todo - é um espaço de resgate da solidariedade e das formas de cidadania que buscam o bem comum e o respeito que tanto faltam em nossa sociedade. Mas, infelizmente, o modelo que serve de exemplo de conduta é sempre o mais desprezível.
Outro fator que penso ser relevante é o desinteresse pelo aprendizado. De maneira mais generalizada, as crianças e os jovens de hoje abraçam tão somente as coisas fúteis, e por mais que o professor se esforce para despertá-los para a importância dos estudos, o que vejo é uma realidade estarrecedora. O professor, em geral, como é o meu caso, passa a maior parte do tempo da aula tentando encontrar uma oportunidade para tratar o assunto da matéria. Temos, da maneira mais humilhante, implorar para que a turma preste atenção em meio ao caos da algazarra, do falatório, das agressões físicas e verbais.
Muitos alunos (e é bom frisar que não há diferença entre moças e rapazes) nem levam mais os livros e os cadernos, como uma forma de "desculpa" para não fazerem as atividades solicitadas. Outra maneira de "escape" é dizer, simplesmente: "professor, eu não entendi o exercício", esperando que o professor dê todas as respostas, sem o trabalho de ler os textos (muitos nem sabem mesmo ler no sentido de análise e interpretação textual), independente da série que frequentam.
Além do enfrentamento físico a que o professor é desafiado, existem alunos que se recusam a desligar seus aparelhos celulares e mp-3 nos ouvidos, como atitude clara de desafio e jogo de poder. Há ainda o elemento das drogas, e eu poderia listar uma infinidade de absurdos do cotidiano escolar. Porém, é ainda relevante que se aborde a questão do aluno que deseja aprender e que é impedido pela maioria que nada deseja, a não ser instaurar o terror, a violência e a desordem na última trincheira social que tenta, a todos os custos, devolver a dignidade, a consciência e a cidadania ao indivíduo: a escola.
É importante também que se diga, na conjuntura fúnebre desse processo de violência que tomou conta de todas as paragens humanas até desaguar nos corredores das escolas, que a sociedade contemporânea passou por dois momentos cruciais. Na chamada idade moderna, dos fins do século XIX ao XX, o laço social foi caracterizado pelo fator da neurose. Já no período contemporâneo que abarca os nossos dias, o que nos caracteriza em termos psicanalíticos é a perversidade. Creio que isso já diz bastante a respeito da nossa atual condição social. Um abraço e parabéns pelo blog e pelo excelente programa. Conte sempre comigo". Gilberto Farias - Professor nos ensinos fundamental, médio e Educação de jovens e adultos - EJA - município de Nova Friburgo, RJ.
DICA DE HOJE
Manual Antibullying - para alunos, pais e professores
Dr. Gustavo Teixeira - Grupo Editorial Record / Editora BestSeller
Os casos de violência entre crianças e adolescentes, especialmente dentro das instituições de ensino, chegaram a índices alarmantes, despertando a atenção de pais, educadores e autoridades para o problema. O bullying é uma prática que pode causar danos irreparáveis à vida de uma pessoa, muitas vezes perdurando até a idade adulta. Será possível reverter esse quadro?
O Dr. Gustavo Teixeira aposta que sim. Em Manual Antibullying, ele explica o que é o bullying, identifica os personagens, mapeia as características pertinentes a agressores e agredidos e analisa as consequências físicas e psicológicas na vida da vítima. Com a autoridade de quem é especialista no assunto, Dr. Gustavo aborda também o bullying praticado na internet e apresenta um método inovador de prevenção e combate à violência, que pode ser seguido por pais, alunos e professores.
Com prefácio do Dr. Lauro Monteiro, do site Observatório da Infância, Manual Antibullying é um trabalho esclarecedor e definitivo para quem vivencia a destruição provocada pelo bullying em crianças e adolescentes, e busca uma maneira de interferir.
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