Saiba quais são os benefícios da fantasia e até quando devemos estimulá-la
Por Luiza Tenente – Revista Crescer
Pegadas no chão, caminho de pelinhos brancos até o ovo de chocolate... Construir um universo de fantasia para a criança é mesmo uma delícia. E a Páscoa é uma ótima oportunidade para isso: contar a história de que o coelho vai visitar a casa e deixar rastros deve fazer parte da infância de nossos filhos, sim.
Até os 6 anos, a criança está em uma fase em que a fantasia é muito intensa. “Acreditar nesses personagens faz parte do desenvolvimento cognitivo”, explica Carmen Alcântara, psicóloga clínica e psicanalista, mestre pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Essa magia auxiliará a formação do pensamento simbólico e das representações mentais, além de exercitar a linguagem.” Seu filho, no futuro, vai se tornar mais criativo, capaz de fazer analogias e de criar metáforas. E o principal: incentivar a crença no coelho da Páscoa e em outros personagens cria uma reserva emocional de situações prazerosas, que serão lembradas quando seu filho já for grande. Um espaço para devaneios é importante para se refugiar da realidade do mundo adulto.
E quando a brincadeira perde a graça? Após os 7 anos, é natural que as crianças se deem conta das leis reais do universo. “Elas aprendem a diferenciar o que é fantasia do que é realidade”, diz Carmen. A tendência é que comecem a perguntar e a duvidar da existência do coelhinho da Páscoa. Cabe a você contar a verdade aos poucos, de acordo com a percepção delas. Não negue o que seu filho já descobriu. Tente introduzir que aquilo era um faz de conta, um sonho, um tipo de desenho animado.
Depois dos 7 anos, é bom que a criança perceba que tudo era fantasia mesmo. Até porque os amigos dela vão comentar e isso pode até constrangê-la caso seja a única a ainda acreditar no coelho. Caso seu filho fique triste com a descoberta, não se sinta culpada. “A decepção faz parte da vida e do desenvolvimento infantil”, tranquiliza Carmen. E não se surpreenda se essa quebra da ilusão despertar crises de raiva no seu filho: isso é só uma forma de ele expressar o desapontamento. Vai passar.
Se você tem mais de um filho e o mais velho já sabe a verdade sobre o coelho da Páscoa, peça a ele que não conte ao irmão. Lembre-o de que, quando ele acreditava, era gostoso e divertido. Em geral, isso é respeitado. Mas, se ele revelar a fantasia ao mais novo, não desminta. Está tudo bem.
E não é porque as crianças já não acreditam mais naquele coelho misterioso que a brincadeira na Páscoa deve deixar de acontecer. Esconder os ovos para o seu filho achar sempre será divertido. E isso, sim, é fundamental na vida de uma criança: a diversão! Boa Páscoa!
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Um comentário:
Alice vez por outra me pergunta: é verdade mãe, mas já sabe que somos nós que compramos os ovinhos, a vida corre. bjs
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