Olá
a todos!
No programa de ontem falamos sobre a
importância da saúde da voz e sobre os principais problemas que podem acometer
a fala de nossos filhos.
Língua presa, língua solta, troca de fonemas,
rouquidão, calos vocais, gagueira e mais uma série de outros transtornos
merecem a nossa atenção. Quanto mais cedo identificado o problema, maiores as
chances de cura.
E como pudemos constatar no programa,
seja qual for o distúrbio, existe tratamento. Basta procurarmos ajuda e não
esperarmos que o “tempo” o corrija. As crianças em idade escolar podem ter
muitas dificuldades de relacionamento e aprendizado por conta dos distúrbios da
fala e, não raras as vezes, necessitarem de um acompanhamento psicológico, além
do fonoaudiológico.
O primeiro profissional a ser consultado deve
ser o pediatra da criança. Ele saberá orientar os pais sobre qual o profissional
deve ser procurado. Pode ser que, num primeiro momento, a criança passe por uma avaliação
com o otorrinolaringologista e, depois, siga para o
fonoaudiólogo, mas tudo isso vai depender de cada caso.
A Dra
Leny Kyrillos, fonoaudióloga especialista em voz, que esteve presente em
nosso programa, preparou este esquema básico sobre o desenvolvimento da
comunicação infantil. A partir dele é possível termos uma noção do desenvolvimento da linguagem na criança.
Vale lembrar que, ao longo da semana,
continuaremos a debater o tema aqui no blog e vocês terão acesso a mais
informações sobre os problemas, cuidados e tratamentos dos transtornos da voz e
da fala.
DESENVOLVIMENTO
DA COMUNICAÇÃO
Por Leny Kyrillos*
Áreas consideradas:
Fala
- articulação;
Linguagem;
Audição;
Fluência;
Voz; Motricidade
oral e funções;
Código
gráfico
Fatores facilitadores: exposição à linguagem e à fala (modelo); interação com o meio (construção do vocabulário); condições orgânicas favoráveis
(inteligência, integridade sensório-motora e neurológica);
motivação
interna (desejo e necessidade de se comunicar)
Fala –
articulação:
a aquisição dos fonemas ocorre: do mais
fácil para o mais difícil, do mais visível para o mais oculto.
Idades: 18meses – b,m,p
2anos – t,d,n
2a6m – k,g,nh
3anos – f,v,s,z
3a6m – ch,j
4anos – l,lh,r,rr,arquifonemas e grupos consonantais
5anos – aquisição completa
Linguagem:
-
conceito
mais amplo- capacidade de se comunicar, de compreender e ser compreendido
- media a constituição do indivíduo, a formação de seu pensamento
- primeira manifestação: choro, diferenciado para cada situação
Idades:
2m – identificação da voz materna e lalação (vogal /a/ e sons guturais)
5m – balbucio
7m – balbucio intencional, comunicativo
10 a 14m – primeiras palavras
18m – 10 a 20 palavras inteligíveis
2 anos – 200 palavras isoladas
2a6m – frases simples
3 anos – frases completas e 80% do vocabulário já compreensível
4 anos – linguagem plenamente desenvolvida
Obs: é mais importante o domínio e a
propriedade dos conceitos, que o número de palavras.
Audição:
-
fundamental
para o desenvolvimento da fala
-
pequenas
perdas auditivas, na maioria das vezes por otites, quando não identificadas e
tratadas, podem comprometer a aquisição dos fonemas
Idades:
até os 6m – etapa proprioceptiva – nenhuma
interferência da pista auditiva.
A partir dos 6m – etapa proprioceptiva-auditiva
– percepção auditiva passa a regular a comunicação (grande importância do
meio).
Obs: aqui, a criança com surdez profunda pára
de emitir sons.
8m – início e aperfeiçoamento gradativo da
localização sonora.
Voz:
-
presente
desde o nascimento, acompanha o desenvolvimento do indivíduo
-
reflete
a personalidade, o estado interior, o meio sócio-cultural
-
há
várias possibilidades de ajustes motores para a produção da voz: às vezes a
criança seleciona um ajuste forçado, e a lesão mais comum é o nódulo vocal (alteração
do comportamento vocal)
-
na
primeira infância: incidência de alterações congênitas que afetam a voz
(laringocele, laringomalácia, sulco vocal, cistos, síndromes genéticas)
-
disfonia
não é normal: é um sintoma que deve ser investigado!
Motricidade
oral e funções:
-
o
desenvolvimento da musculatura oral e peri-oral inicia-se com a amamentação
-
falta
de treino adequado, devido a problemas na alimentação, hábitos inadequados
(chupeta, dedo) e dificuldade de respiração nasal comprometem este desenvolvimento
e geram hipotonia
-
as
funções relacionadas a esses órgãos ficam alteradas: respiração, sucção,
mastigação e deglutição
- desenvolve-se plenamente a partir dos 2 anos e meio de idade
- por volta dos dois anos, há um período de “gagueira fisiológica”, reflexo da insegurança da criança em relação ao código: a atitude positiva da família é fundamental; ouvir com paciência, sem chamar a atenção da criança, sem criticar ou tentar adivinhar. A expectativa é que se resolva até os 2a6m.
Código
Gráfico:
-
a
criança só deve ser exposta ao código gráfico quando já tiver passado por todas
as fases anteriores (conceito de prontidão)
-
num
primeiro momento, são comuns as trocas visuais (s-ç-ss-sc,j-g,x-ch) e o
espelhamento
-
trocas
auditivas(p-b,t-d,c-g,s-z,f-v,ch-j) precisam ser identificadas e tratadas o
mais cedo possível
-
estímulo
inicial à elaboração, ao conteúdo gráfico, e não à forma
-
leitura
silabada é comum até o final da segunda série, mas a compreensão deve estar
presente
Obs: na escola, é interessante observar se
alguma criança destoa do desenvolvimento do grupo, porém cada um só deve ser
comparado com ele próprio, no decorrer do tempo. O professor pode e deve
auxiliar as crianças e passarem por essas fases, atuando como um facilitador
deste processo, e reconhecendo precocemente prováveis distúrbios.
*Dra Leny Kyrillos é fonoaudióloga
especialista em voz. Participou como especialista convidada do programa Papo de
Mãe sobre “fala e voz” exibido no dia 05.02.2012.
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