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Na TV Brasil

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Simplicidade e a Verdade - por Maeve Vida*

Simplifique sua vida e seja um rei
Paramahansa Yogananda

Maeve Vida
No complexo mundo contemporâneo, falar em simplicidade parece até um paradoxo, como se isso incluísse uma rejeição aos modernos recursos que a tecnologia nos oferece, e que podem realmente nos ajudar a realizar muitas coisas boas.

Quando se trata de educação infantil, no entanto, sentimos que nada pode substituir o contato com a criança. Compreender o seu ritmo é compreender nosso próprio ritmo. É aprender a usar a tecnologia para usufruir sua agilidade e termos mais tempo para nós, para nossas crianças. Caso contrário, de que nos serve essa modernidade?

Não podemos ser escravos dela, nem permitir que nossas crianças o sejam. A tecnologia é uma ferramenta e não o conhecimento em si. E o maior ensinamento que podemos oferecer às crianças é o conhecimento de si mesmas. Por meio do brincar, da observação da Natureza, das pequenas práticas espirituais que as irão preenchendo de alegria, elas vão relembrar sua verdadeira natureza divina. E isso será o alicerce para enfrentar todos os desafios na vida adulta.

Grandes mestres, como Francisco de Assis, nos inspiram a perceber que podemos agir de forma mais simples: olhar nos olhos da criança, sentir seus anseios, procurar transmitir confiança, paz e amor. Mas, para ter qualidade no sentir a criança, devemos nos despojar das falsas e ilusórias malas que carregamos, recheadas de desejos de adquirir coisas que nem precisamos. E seguir com uma leve e sutil mala, que carrega apenas o essencial: nossas virtudes e nosso potencial infinito para todas as divinas qualidades.

A infância é o tempo da construção do caráter. É nesse período – enquanto se constrói o conhecimento das línguas, da matemática, da geografia – que vai sendo adquirido também o aprendizado da perseverança, da paciência, da criatividade, da flexibilidade, da amizade e do amor.

Isso tudo não pode ser realizado por um adulto distraído ou por um computador, que não irão perceber que uma criança está mais agitada em um determinado dia ou que não quis brincar no recreio. Só uma alma sensível pode ler o que a criança precisa, que tipos de amizades está buscando, e como pode melhorar até mesmo no seu rendimento escolar se tiver afeto, carinho e proteção de adultos ao seu lado.

Praticamente todo o banco de dados que adquirimos na escola se esvai ao longo dos anos da maturidade… O que fica? O olhar da professora, o carinho dos pais, as brincadeiras com irmãos e amigos… o essencial. Então, o que é essencial no aprendizado infantil? O que é essencial em nossas vidas?

É o amor com que a criança recebe esse conhecimento. Pois é isso que ela irá gravar e assimilar, e irá retransmitir às outras gerações que virão. E para nós, adultos, é essencial essa troca de inocência e pureza, para nos fazer relembrar de nossos sonhos. Para não perdê-los de vista, mantendo sempre um olhar otimista para com a vida.

Francisco de Assis foi um dos maiores mestres da Arte da Simplicidade. Depois de uma vida abastada, que percebeu ser sem sentido, redescobriu em toda Natureza, na diversidade dos seres vivos, no olhar de cada ser humano que encontrava, uma mesma essência de amor que permeia toda existência. Sentiu a presença de uma energia criadora que dá unidade e contorno a tudo o que existe.

E foi a partir dessa simples descoberta que pôde realizar milagres, transformar pessoas, conversar com animais, com o Irmão Vento, Irmão Sol, Irmã Lua, e até com a Irmã Morte, na hora de sua partida.

Com certeza, o caminho não foi fácil. Sri Gyanamata, uma santa contemporânea, dizia: “Não existe espiritualidade sem heroísmo”. 

Por trás de cada grande mestre da espiritualidade, encontramos um verdadeiro herói que venceu a si mesmo. Quando nos conectamos a eles, podemos redescobrir esse herói em nós mesmos e, assim, apontar para nossas crianças esse caminho seguro. O caminho dos heróis que nunca os desapontarão, porque, apesar de terem sido feitos de carne e osso como nós mesmos, aprenderam a forjar seu caráter com o aço das virtudes e da sabedoria universal. Este é o caminho dos Heróis da Verdade.

*Maeve Vida é mãe de três filhos, Coordenadora do Programa Omnisciência de Educação para Paz, e co-autora dos livros infantis: Gandhi, o Herói da Paz e Francisco, o Herói da Simplicidade, ambos livros integrantes da Coleção Heróis da Verdade. Autora do livro a ser lançado em abril: Papai e Mamãe viraram amigos. Participou como convidada no Programa Papo de Mãe sobre Mães Alternativas exibido em 26.02.2012. Site: www.omnisciencia.com.br
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DICAS DE LEITURA



Clique AQUI para acessar a íntegra do programa sobre Mães Alternativas.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Astrologia: um guia para entender as crianças - por Sílvia Bacci

Agora sim, pessoal, vamos dar início às postagens sobre o tema da semana: MÃES ALTERNATIVAS. A nossa convidada Sílvia Bacci, que é astróloga, mandou este texto para a gente. Muito interessante, confiram!!!

Astrologia: um guia para entender as crianças


Já que as crianças não vêm com manual de instruções é preciso tentar decifrá-las, desde cedo. Esta não é uma tarefa simples. Não dá para tratar um filho da mesma forma que o outro, esperando que eles reajam do mesmo jeito. Ouvir opiniões de amigos e especialistas é interessante, mas não existe uma fórmula pronta para compreender e educar, já que cada ser humano é único.
Foi justamente esta individualidade, este algo especial que cada um tem e que o diferencia, que me motivou a fazer a especialização em Astrologia da Criança. Isto mudou o rumo da minha carreira como astróloga, permitindo-me entender melhor as dinâmicas familiares.
O mapa astral infantil é literalmente um roteiro, um guia para que se possa “interpretar a cabecinha” dos pequenos. É um estudo elaborado a partir da data, horário e da cidade de nascimento da criança.
Os temas abordados interessam bastante aos pais e educadores: o temperamento, as reações, os medos, a forma de raciocinar, os pontos de somatização que abalam a saúde e o jeito como a criança encara os pais e os irmãos, entre outros. É possível identificar potenciais, amenizar conflitos familiares e definir o tipo de escola mais adequado, por exemplo.
O conhecimento da astrologia permite ao adulto colocar-se no lugar da criança e respeitar suas inclinações individuais.
Os astros indicam caminhos
Enzo é tão responsável que às vezes parece “carregar o mundo nas costas”. (Saturno na casa 1)
Giovanna tem tanta iniciativa que se torna autoritária com as outras crianças. (Marte em Leão)
Bruno gosta de comer, mas logo no começo da refeição, já perde o interesse. (Lua em Áries)
Como lidar com estas crianças? O que as leva a ser assim? Até que ponto é válido tentar modificá-las?
Para educar é preciso utilizar o conceito da tolerância. Tolerar não significa permitir tudo o que a criança quer fazer, mas reconhecer como ela é e, a partir disto, estabelecer com ela uma relação mais verdadeira.
Uma criança como o Enzo, com o planeta Saturno na primeira casa do mapa astral, costuma levar tudo muito a sério. Então, a forma de chamar sua atenção nunca pode ser excessivamente severa, pois ele já tende a ser bastante duro consigo mesmo e sofre por causa disto.
Já a Giovanna, com o planeta Marte no signo de Leão, precisa ser orientada para exercer sua autoridade de um jeito saudável, e não ser repreendida, pois ela é realmente uma líder.
O Bruno, que tem a Lua no signo de Áries, vai necessitar de mais estímulo, criatividade e atrativos em suas refeições do que as outras crianças, pois tem pouca paciência para se alimentar e quer mudar rapidamente de atividade.
A Astrologia da Criança é um valioso recurso para o entendimento em família. Antes de pensar em modificar seu filho, vale a pena entender quem ele verdadeiramente é.

*Sílvia Bacci é astróloga e terapeuta. Interpreta mapas astrais para adultos e crianças. Participou do Programa Papo de Mãe sobre Mães Alternativas exibido em 26.02.2012. Contatos: [email protected]

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

S.O.S. PAPO DE MÃE - Brigas na Escola

Oi, pessoal!!!
Antes de darmos início às postagens sobre o tema desta semana, vamos publicar o “SOS PAPO DE MÃE” sobre BRIGAS NA ESCOLA, programa que foi ao ar no dia 12.02.2012. Quem responde às perguntas é a pedagoga Larissa Fonseca*, que esteve presente no programa como especialista convidada. Desde já agradecemos aos telespectadores que escreveram e à Larissa pela valiosa colaboração.

Briga por brinquedos
Pergunta: Quando meu filho e os três sobrinhos não se entendiam sobre a divisão dos brinquedos, minha simples e única atitude era recolher os brinquedos durante a discordância e, muito rapidamente, o acordo era obtido entre eles, sem que fosse necessário fazer qualquer outra interferência. Existe(m) falha(s) nesta proposta solução?
Larissa Fonseca, pedagoga: Olá. Não existe falha e é uma boa alternativa. Só lembre-se de que ela tem que vir com uma explicação para o ato! Sem se alterar, diga que já que não estão conseguindo dividir os brinquedos e compartilhar a brincadeira adequadamente você recolherá tudo até que entrem em consenso, pois aquele é um momento de diversão e não de briga! Assim que tudo se resolver, parabenize a todos e devolva os materiais, elogiando a atitude de negociação sem brigas entre eles. Parabéns pela iniciativa!
Agressividade
Pergunta: Olá! Tenho uma filha de cinco anos e ela é muito agitada, não para quieta e o comportamento dela em casa e na escola é muito agressivo (grita, faz birra, bate nos colegas de sala, morde a professora). Estou muito preocupada e não sei mais o que fazer...
Larissa Fonseca, pedagoga: Olá. Existem muitas causas possíveis para o comportamento de sua filha, mas independente de qual seja, é necessário impor limites a ela, tanto em casa quanto na Escola. Existem alguns comportamentos que são característicos de cada idade, como por exemplo, até os 6 anos, é comum crianças reagirem a determinadas situações com tapas, mordidas, gritos e chutes, dado que ainda não sabem bem como expressar seus sentimentos e agir em grupo. No entanto, independente disso ser ou não uma atitude característica, é imprescindível que, desde o início, mesmo os pequenos de pouca idade, os pais e educadores orientem e coloquem limites diante desses comportamentos agressivos manifestados.
Primeiramente recomendo agendar uma reunião urgente com a Equipe Pedagógica da Escola para verificar quais são as situações que desencadeiam esse comportamento em sua filha. Você também deve levar essas observações feitas em casa para a profissional de Escola. É preciso verificar se ela está entediada, se está tendo os desafios adequados, se passa por alguma mudança ou situação que lhe gera inquietação e ela reage com esse comportamento como uma tentativa de chamar a atenção, se faltam-lhe limites ou até mesmo atenção (afinal de contas, muitas vezes, pais e educadores só olham para as crianças quando as mesmas estão fazendo algo errado ou se machucam, então, elas continuam agindo assim pois é o modo que encontraram de ganharem atenção), enfim. Isso porque não basta coibir seu comportamento “agressivo” é preciso solucionar a causa do mesmo, ok? Paralelo a esse cuidado com as causas, é imprescindível que tais comportamentos sejam inaceitáveis.
Toda vez que ela gritar, fizer birras ou agir de modo não aceitável, deve perder um privilégio imediato e ser afastada do que está fazendo juntamente com uma explicação do porque você a está repreendendo. Por mais que você esteja brava, demonstre calma e autocontrole, pois se a criança perceber que te afeta com esse comportamento, vai persistir no mesmo. Converse com sua filha e faça com ela combinados e regras simples, claras, objetivas e compreensíveis, mostrando quais serão as conseqüências que ela enfrentará quando agir de modo agressivo e inapropriado a partir daquele momento. Cite quais são os comportamentos inadequados e inaceitáveis. Ela deve estar ciente de que suas escolhas lhe acarretarão conseqüências tanto positivas quanto negativas. Mantenha-se firme no cumprimento desses combinados, independente do local, tempo que durarem as birras, etc.
Ela vai testar seus limites e comportamentos e é preciso ser coerente e persistente para que ela perceba que não mais deverá agir desse modo para conseguir o que quer, e que quando agir, receberá uma sanção que não a agradará. Auxiliar as crianças a lidarem com perdas, frustrações e sentimentos de modo apropriado, e assumirem as conseqüências de seus atos inadequados é um bem enorme que os pais passam aos seus filhos. Mas lembre-se, dar limites não significa desempenhar apenas funções punitivas! A boa comunicação, afeto e paciência são grandes aliados para se obter um resultado satisfatório durante essa tarefa. Limites coerentes e claros, respeitados por todos, são o primeiro e fundamental passo para a internalização desses valores. Ceder aos comportamentos negativos das crianças é o mesmo que dizer a elas que não ligam para o seu bem estar. A criança que sente a preocupação dos pais com seus cuidados, se sente amada.
*Larissa Fonseca é Pedagoga graduada pela USP, pós graduada em Educação Infantil e Psicopedagogia, Psicomotricista em formação, especialista em comportamento e desenvolvimento Infantil. Participou como especialista convidada do Programa Papo de Mãe sobre "brigas na escola" exibido em 12.02.2012. Contato: [email protected]

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Neste domingo: um papo com mães alternativas!!!

 

O Papo de Mãe deste domingo contará com a presença de convidadas que escolheram métodos alternativos de cuidado e educação dos filhos.


Alimentação sem carne, tratamentos sem remédios, astrologia, bebês que usam fraldas de pano ou até mesmo nem usam fraldas. Tudo isto e muito mais você confere neste domingo no nosso papo com MÃES ALTERNATIVAS.


No estúdio, Mariana Kotscho e Roberta Manreza contam também com a presença de especialistas como o Dr. Sérgio Spalter, pediatra antroposófico, e com a psicóloga Daniella Andretto, que também atua como doula, acompanhando gestantes que desejam um parto natural.


Após o programa, até às 21 horas, converse conosco pelo chat aqui no blog. Durante a semana, acompanhe as nossas postagens sobre o tema. Siga o programa pelo Twitter (@papodemae)e curta nossa página no Facebook (Programa Papo de Mãe II). Assine também o nosso FEED para receber as nossas atualizações por e-mail e torne-se nosso seguidor. E para entrar em contato com a nossa equipe escreva para [email protected].


Papo de Mãe é um programa fundamental para quem vive as dores e as delícias da vida em família. Informal com informação. Emocionante. Interativo. E com muita prestação de serviço. Neste domingo, 26/02/12 às 7 da noite, na Tv Brasil.







quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Transtornos Alimentares: Compulsão Alimentar Periódica (CAP)

BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA COMPULSÃO ALIMENTAR
 E DE SEUS TRATAMENTOS
Alan Braga de Paula*

A compulsão alimentar periódica (CAP) compreendida como a ingestão de grande quantidade de comida em um período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhada da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come, e que é conhecida em inglês como binge eating , apresenta-se como um problema de saúde pública que vem merecendo cada vez mais estudos e ações incisivas para seu controle e tratamento.
Para se ter uma idéia da gravidade do problema, quando a CAP vem manifestada sob a forma de uma síndrome denominada atualmente de Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) - ou seja, quando esses episódios compulsivos ocorrem pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não são acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso - sua prevalência, segundo o DSM-IV (1994), é de 2% na população geral. A seriedade deste quadro aumenta se a ele for acrescentado o fato de que a CAP está presente não somente sob a forma de TACP, mas também, segundo o DSM-IV (1994), em: 30% dos obesos que procuram tratamento; como um dos dois tipos de manifestação da anorexia nervosa – tipo compulsão periódica; e é um dos critérios diagnósticos da bulimia nervosa. Somando-se a isto tudo a prevalência de cada um destas patologias na população mundial, chegar-se-á a conclusão de que o problema da CAP é ainda maior. De acordo com a WHO (2002), existem no mundo mais de um bilhão de adultos acima do peso, e pelo menos 300 milhões são clinicamente obesos. Quanto à bulimia e a anorexia, segundo o DSM-IV (1994), suas prevalências são, respectivamente, de aproximadamente 1% a 3%, e 0.5% a 1% entre adolescentes e mulheres jovens.
Frente a esta epidemia mundial, deparamo-nos, como profissionais de saúde envolvidos no tratamento desta patologia, com a urgência em contribuir na apresentação de contra-partidas em termos de terapêuticas e soluções para barrar este crescimento, quiçá reduzir sua incidência. O bom-senso nos indica que, antes de qualquer investida neste sentido, é prudente analisarmos o que já vem sido feito neste campo - em outras palavras, o que, nestes tratamentos, tem tido bons e maus resultados - evitando, assim, a repetição de erros passados. Como sugestão, penso que um caminho interessante de partida, para tamanha investida, é podermos entender as particularidades das histórias de tratamentos destas pacientes.
Em pesquisas realizadas com pessoas que se auto-denominam “compulsivas alimentares”, tenho percebido, de uma forma geral, que existe um grande abismo entre o que nós, profissionais especializados em tratar esta patologia, sugerimos e a prática de tratamentos buscados por estas pacientes. Dentre estes tratamentos buscados, os que tem sido mais citados são: medicação com ou sem prescrição médica para conter a sensação de fome e para alterar o processo de absorção de nutrientes pelo intestino, laxantes, prática de atividades físicas, meditação, psicoterapia em grupo e individual, prática de escrita de diário referente ao consumo alimentar, programa intitulado “Peso Ideal”, palestras, spa e prática de dietas. Quanto a estas últimas, as mais citadas são: dieta da fruta, de tomar só suco, da lua, japonesa, chinesa, da USP, do sopão do Hospital das Clínicas, cetônica, de abstenção de açúcar, de abstenção de alimentos gordurosos, do Dr. Atkins (a qual só é permitido a ingestão de gordura e carne), abstenção de carboidratos, de comer só alimentos grelhados e dieta espiritual (que não permite o consumo de açúcar e gordura, exige caminhada e presta ajuda espiritual).
Analisando detalhadamente estes relatos, é possível perceber um aspecto comum a quase todos: ao escolher o tipo de tratamento para emagrecer e/ou controlar sua compulsão alimentar, a maioria delas tem conhecimento sobre aqueles que são eficazes, mas não conseguem colocar em prática, por um período de tempo desejado por elas, estes tratamentos, ou optam por outros de eficácia incerta, mas que prometem resultados extremamente rápidos e com a exigência do mínimo dispêndio de esforço em sua realização, os chamados “tratamentos milagrosos”.
Um outro aspecto que merece destaque, é que a grande maioria dos tratamentos utilizados e citados por estas pacientes, assim como, muitos dos tratamentos indicados por profissionais da área, se resumem a focar apenas os sintomas ou uma das conseqüências da ingestão alimentar compulsiva, e não a própria compulsão, ou seja, aquilo que causa e motiva o ato de comer sem controle.
Assim sendo, penso que todos nós - que já temos problemas alimentares, que possamos vir a ter e/ou profissionais de saúde – ao pensarmos sobre que tipo de tratamento buscar ou indicar para as pessoas que nos procuram com queixas alimentares, temos que ter em mente que os problemas de alimentação são conseqüências de uma série de fatores – psíquicos, biológicos, sociais e culturais – e não uma causa em si. Partamos para o “ataque” das causas motivacionais de tais sintomas, ou seja, daquilo que em nós tem mudado para causar tamanha mudança de nosso hábitos alimentares. Mãos a obra!
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. Diagnostic and statistical manual of mental disorders . 4. ed. Washington (DC):American Psychiatric Association, 1994.
World Health Organization, 2002. Apresenta as publicações da Organização Mundial da Saúde. Disponível em: http://www.who.int/whr/2002/overview/em/index1.html. Acesso em 02 dez. 2003.
* Psicólogo, Psicanalista, Membro do CEPPAN, Especialista em Obesidade, Transtornos Alimentares e Distúrbios da Imagem Corporal pela Faculdade de Medicina da USP, Coordenador de Pesquisa do Ambulatório de Transtornos Alimentares da Infância e Adolescência (PROTAD) do Instituto de Psiquiatria da FMUSP e mestrando em Psicologia Social da PUC-SP.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Transtornos Alimentares: A ditadura do ideal

Por Ana Paula Gonzaga*

O que levaria uma jovem púbere ou adolescente iniciar uma dieta drástica e sustentá-la por um tempo que muitas vezes se torna alguns anos? O que a faria chegar a ponto de deixar de comer?
Não são questões simples de responder, mas temos nos dedicado há quase uma década a tentar entender o que dispara e o que sustenta o padrão de comportamento próprio aos transtornos alimentares.
Sabemos que há uma etiologia multifatorial - constitucional, familiar, social, própria à personalidade – e muitas pesquisas vêm apontando e descrevendo esses fatores. Temos nos ocupado de um aspecto da subjetividade que nos chama a atenção: os ideais aos quais esses pacientes se impõem.
Ao trabalharmos com pacientes com transtornos alimentares, nos surpreendemos, em especial com os que apresentam Anorexia Nervosa, com sua determinação e obstinação em alcançar um peso dito ideal. E que peso é esse? É sempre menos do que se pesa, não importa quanto se pesa. Ou pior: deve ser menos do que o menor peso que essa a paciente descobriu que alguma modelo, ou anoréxica noticiada pese.
Nesse momento em que vivemos a comoção pelas mortes de duas garotas, ou jovens adultas (21 anos), por complicações causadas por Anorexia Nervosa, também vemos em contra partida alguns depoimentos feitos por garotas com Anorexia que nos chocam. Comentários do tipo: “elas venceram!”, “elas chegaram lá, morreram, mas com a dignidade de serem magras!”. Ou como numa entrevista dada a um jornal por uma garota que sofreu de Anorexia: “Por mim, tudo bem se morresse, desde que parecesse a Barbie no caixão”.
E essa é uma realidade que vivemos no tratamento dessas pacientes. Não raro ouvimos delas, com muito sofrimento, o quanto ainda precisam perder para serem felizes. A paciente que nos diz que passa horas na internet procurando a modelo com menor IMC (índice de massa corporal), por que ela quer pesar ainda menos, não se dá conta do risco que corre. A outra que nos traz os jornais da semana e diz: “veja se aqui alguém tem cara de doente? Elas estão todas magras, lindas e felizes!” E se olharmos com atenção, de fato os jornais usaram fotos que não combinam com o teor das matérias. Também não estamos propondo que se use as fotos cadavéricas; até porque com pacientes anoréxicas não temos muita saída: as cadavéricas são o ideal.
Um ideal passional e impossível, associado nesse momento à estética, ou a algo que se defende como estética. Na realidade, o que parece que está sendo encenado é alcançar o impossível, o absurdo.
Da mesma maneira que elas devem ser as melhores alunas, estarem sempre à frente do que está sendo ministrado por seus professores, serem as melhores atletas, etc, criam uma deformação que é serem as “melhores magras”. Sempre mais!
O que elas ganham com isso? Uma restituição narcísica. Aquela que todos nós procuramos, porque sempre nos falta algo. Mas aqui, parece que a falta se transforma em uma paixão, que pode conduzi-las para algo mortífero e mortal. A ‘Barbie’ num caixão é um fato.
Alertar a mídia para o valor que essas imagens têm para quem sofre de Anorexia Nervosa é um dever dos profissionais envolvidos com o tratamento dos Transtornos Alimentares, assim como divulgar peso, altura, IMC. Precisamos encontrar uma maneira de nos dirigirmos aos pais, educadores, profissionais de saúde e estética para alertá-los dos riscos decorrentes de uma inocente dieta; mas precisamos parar de falar com a doença. Parar de promover a propaganda anoréxica, pois infelizmente o que elas lêem no jornal é algo do gênero: “alguém já pesa X quilos, e você?! Corra atrás do seu Ideal, seja melhor!”
Ana Paula Gonzaga é psicanalista, membro efetivo do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, Coordenadora da equipe de Psicologia, Psicoterapeuta individual e grupal do Programa Interdisciplinar de Atendimento, Ensino e Pesquisa dos Transtornos Alimentares na Infância e Adolescência (PROTAD) do HC-FMUSP e da Clínica de Estudos e Pesquisas em Psicanálise da Anorexia e Bulimia (CEPPAN).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Transtornos Alimentares: Tipos e Causas

Anorexia Nervosa - Caracteriza-se por uma procura incansável pela magreza, levando o paciente a uma severa e auto-induzida perda de peso, utilizando recursos extremos como longos períodos de jejum, exercícios físicos excessivos, vômitos voluntários, uso de laxantes, diuréticos ou moderadores de apetite no intuito de forçar uma perda de peso cada vez maior. Há distorção de imagem corporal e os ciclos menstruais ficam interrompidos por no mínimo três meses.
Bulimia Nervosa - Apresenta-se como uma sensação de completa perda de controle alimentar em que o paciente ingere compulsiva e indiscriminadamente grandes quantidades de alimentos em um período muito curto de tempo – episódio bulímico. Esta ingestão é seguida de um sentimento de culpa, vergonha e medo de engordar, levando o paciente a induzir o vômito, em geral várias vezes ao dia, bem como ao uso de laxantes, diuréticos ou inibidores de apetite e à prática de exercícios físicos de maneira exagerada.
Comer Compulsivo - Nos últimos anos constatou-se que uma parcela dos obesos em tratamento, cerca de 30% apresenta um comportamento de descontrole alimentar com uma ingestão compulsiva de grandes quantidades de alimento durante o dia, com a sensação de perda de controle. Esse quadro esta relacionado com outras graves doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade.
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Não há uma única etiologia responsável pelos transtornos alimentares. Acredita-se no modelo multifatorial, com participação de componentes biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares.

a) Fatores genéticos: pesquisas indicam maior prevalência de transtornos alimentares em algumas famílias, sugerindo uma agregação familiar com possibilidade de um fator genético associado. Estudos com gêmeos monozigóticos e dizigóticos também apontam a genética como possível participante etiologia dos transtornos alimentares.
b) Fatores biológicos: alterações nos neurotransmissores moduladores da fome e da saciedade como a noradrenalina, serotonina, colecistoquinina e diferentes neuropeptídeos têm sido postuladas como predisponentes para os transtornos alimentares. Existem dúvidas se tais alterações acontecem primariamente ou são decorrentes do quadro.
c) Fatores socioculturais: a obsessão em ter um corpo magro e perfeito é reforçada no dia-a-dia da sociedade ocidental. A valorização de atrizes e modelos, geralmente abaixo do peso, em oposição ao escárnio sofrido pelos obesos, é um exemplo disso.
d) Fatores familiares: dificuldades de comunicação entre os membros da família, interações tempestuosas e conflitantes podem ser consideradas mantenedoras dos transtornos alimentares.
e) Fatores psicológicos: algumas alterações características como baixa auto-estima, rigidez no comportamento, distorções cognitivas, necessidade de manter controle completo sobre sua vida, falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento do quadro clínico.
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Transtornos Alimentares: definição, causas , tipos e tratamentos

O que são transtornos alimentares?
Os Transtornos Alimentares são caracterizados por perturbações no comportamento alimentar, podendo levar ao emagrecimento extremo (caquexia - devido à inadequada redução da alimentação), à obesidade (devido à ingestão de grandes quantidades de comida), ou outros problemas físicos. Os principais tipos de Transtorno Alimentar são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa, e ambos têm como características comuns uma intensa preocupação com o peso e o medo excessivo de engordar, uma percepção distorcida da forma corporal, e a auto-avaliação baseada no peso e na forma física.
Estima-se que, ao longo da vida, entre 0,5 e 4% das mulheres terá Anorexia Nervosa, de 1 a 4,2% Bulimia Nervosa e 2,5% transtorno do Comer Compulsivo. Quadros mais leves, que não preenchem todos os critérios para a doença, mas que marcam uma profunda insatisfação com o corpo, busca incessante de dietas e cirurgias plásticas, eventuais usos de recursos extremos para emagrecer (vomitar, usar laxante, diuréticos, moderadores de apetite e exercício físico compulsivo) podem abranger 15% das mulheres.
Cumpre salientar que Anorexia Nervosa é uma doença grave, com risco de mortalidade em torno de 5 a 15% dos casos.
De modo geral, os transtornos alimentares são produtos de uma complexa inter-relação entre aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Portanto, sendo problemas multifatoriais em suas gêneses, ultrapassam a capacidade terapêutica de qualquer um, isoladamente. Daí a importância de uma interação multidisciplinar.
Causas: clique aqui para saber mais sobre as causas.
Tipos: clique aqui para saber mais sobre anorexia nervosa, bulimia e comer compulsivo.
Tratamento:
O AMBULIM - Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - foi criado no primeiro semestre de 1992, pelo Prof. Dr. Táki Athanássios Cordás, quando não havia no Brasil nenhum centro especializado no tratamento dos transtornos alimentares. A prioridade foi a formulação de um modelo de atendimento adaptável às condições do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do país como um todo. Modelos de tratamento em tempo integral, com extensos programas externos e onerosos foram, portanto, deixados de lado. Atualmente o AMBULIM é considerado o maior centro especializado em transtornos alimentares do Brasil e da América Latina, oferecendo tratamento totalmente gratuito para pacientes de qualquer ponto do país.
O tratamento no AMBULIM é realizado com o apoio de equipe multidisciplinar, formada por médicos psiquiatras, nutricionistas, psicólogos, terapeutas familiares e educadores físicos. Ele acontece de forma ambulatorial, e em casos mais graves a internação pode ser recomendada. Para o cumprimento de sua missão o AMBULIM está estruturado em unidades especializadas de atendimento, atuando de forma integrada, como segue: Ambulatório de Anorexia Nervosa; Ambulatório de Bulimia Nervosa; Grupo de Estudos em Comer Compulsivo e Obesidade (GRECCO); Ambulatório de Transtornos Alimentares da Infância e Adolescência (PROTAD); Ambulatório de Atendimento para Homens com Transtornos Alimentares; Programa de Atendimento Intensivo dos Distúrbios Alimentares (PRADA);  Enfermaria de Transtornos Alimentares: trata-se da única enfermaria pública com atendimento especializado do país; Hospital-Dia: inaugurado em 2000, trata-se do primeiro Hospital-Dia dedicado ao suporte de pacientes com transtornos alimentares do país, evitando a internação e o conseqüente afastamento da família.
Locais para tratamento:
Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de SP (Ambulim) - www.ambulim.org.br - Fone:11 - 3069-6975
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) -www.abp.org.br - Fone: 11 - 5549-6699
Programa de Orientação e Assistência aos Transtornos Alimentares (PROATA/UNIFESP) - www.unifesp.br - Fone: 11- 5579-1543
Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA/IEDE-UFRJ)- [email protected] - Fone: 21- 2224-9562/2507-0065
Grupo de Estudos e Assistência em Transtornos Alimentares (GEATA- CEAPIA, POA,RS) - www.geata.med.br - Fone: 51 - 3343- 6490
Grupo de Estudos em Nutrição e Transtornos Alimentares (GENTA-SP) -
www.genta.com.br - Fone: 11 - 3672-3869
Projeto de Investigação e Intervenção na Clínica da Anorexia e da Bulimia (INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE-SP) - www.sedes.org.br - Fone: (11) 3866-2735/2736
Ambulatório de Transtornos Alimentares do Serviço de Psiquiatria da Universidade Federal da Bahia -www.ntcba.com.br - Fone: (71) 3332-3509/ 3241-7154
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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

TRANSTORNOS ALIMENTARES É O TEMA DO PAPO DE MÃE DESTE DOMINGO!



Se os filhos comem demais, pai e mãe se preocupam. Se comem de menos, se preocupam também. Mas afinal, o que se torna realmente um problema quando o assunto é alimentação? O tema do nosso programa neste domingo é TRANSTORNOS ALIMENTARES.

Anorexia, bulimia, compulsão alimentar, obesidade... Você vai saber quais são os transtornos alimentares mais comuns, como identificar os sintomas e procurar tratamento. Para isso, contaremos com a ajuda de especialistas, entre eles a Dra Bacy Biliky, psiquiatra do HC de São Paulo, a psicóloga Talita Nacif e a nutricionista Marle Alvarenga, especialista em transtornos alimentares.

Nas reportagens, Rosangela Santos visita uma escola que ensina os alunos a cozinhar e a comerem de forma saudável. Mariana Verdelho conversa com adolescentes para tentar descobrir os motivos da insatisfação com o próprio corpo. E Pedrinho Tonelada bate um papo com as pessoas pelas ruas de São Paulo.

Após o programa, até às 21 horas, converse conosco pelo chat aqui no blog. Durante a semana, acompanhe as nossas postagens sobre o tema. Siga o programa pelo Twitter (@papodemae) e curta nossa página no Facebook (Programa Papo de Mãe II). Assine também o nosso FEED para receber as nossas atualizações por e-mail e torne-se nosso seguidor. E para entrar em contato com a nossa equipe escreva para [email protected].

Papo de Mãe é um programa fundamental para quem vive as dores e as delícias da vida em família. Informal com informação. Emocionante. Interativo. E com muita prestação de serviço. Neste domingo, 19/02/12 às 7 da noite, na Tv Brasil.









quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os jovens estão mais violentos... O que a escola tem a ver com isso?


Por Vânia Duarte
Equipe Brasil Escola


Há que se considerar que a escola representa uma extensão em se tratando da rotina cotidiana dos educandos. E assim como no ambiente familiar, eles tendem a manifestar suas atitudes, sejam estas concebidas de forma negativa ou positiva. Contudo, o que hoje presenciamos na maioria dos ambientes escolares são jovens agressivos e autoritários por excelência.

De acordo com a opinião de especialistas, vários fatores incidem de forma direta na problemática em questão. A começar pelo fato de que nesta fase há uma necessidade inconsciente do contato com a pele do outro, no sentido de explorá-la, muitas vezes manifestada por aquelas famigeradas “lutas de mão”, no intuito de testar a resistência física do companheiro. Outro aspecto relaciona-se à própria sociedade, dadas as influências desempenhadas pelos papéis sociais, sobretudo no que diz respeito aos homens em se tratando da virilidade, uma vez que o não enfrentamento mediante a algumas situações, principalmente relacionadas a brigas e disputas, pode configurar a ausência desta.

Sem contar que a estrutura familiar ou a falta dela retrata por demais sua cota de participação, pois a conduta agressiva por parte dos pais pode influenciar no comportamento daquele que ainda encontra-se construindo sua própria personalidade. É o que nos revela Sônia Maria Pereira Vidigal, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP):

“Pais que se colocam sempre em condição superior aos filhos tendem a transmitir esse comportamento. Respeito não se ganha com medo”.

Por outro lado, há aqueles que por um motivo ou outro optaram por serem permissivos ao extremo e, quando resolvem tomar uma posição, são recebidos com total descrédito.
Mediante esses dois extremos, tomadas de posições pautadas no equilíbrio parecem evidenciar sua efetiva eficácia, pois somente assim haverá o merecido respeito de ambas as partes. Mas afinal, e a escola? Qual o papel que devemos atribuir a ela?

Notadamente, o posicionamento de grande parte das instituições de ensino, no sentido de coibir algumas práticas, tem se baseado tão somente em punições. Primeiramente surgem as punições, e quando não são suficientes, vêm as suspensões, fato este considerado como apenas uma transferência de responsabilidades. A verdade é que muitos educandos, cientes de tais medidas, apenas esperam “pela próxima”.

Diante disso, considera-se que tais medidas carecem de uma verdadeira reformulação, no sentido de contornar o problema pela raiz. Assim como nos explica Telma Vinha, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação de Campinas (Unicamp):

“Essas medidas não são educativas e vão contra o objetivo de formar pessoas autônomas.”

Fazer com que os alunos reflitam acerca de suas atitudes representa uma atitude extremamente louvável. Para tanto, uma das saídas é trabalhar no sentido de recuperar a noção de valores – até então esquecidas no tempo – por meio de textos que promovam momentos de reflexão em sala de aula, enfatizando sempre que o respeito mútuo é elemento primordial nas relações sociais como um todo. Outra é promover palestras periódicas, ministradas por profissionais da área, no sentido de colocar os jovens frente a frente com a realidade que os cerca e, sobretudo, possibilitar que eles ampliem sua visão de mundo e seu espírito crítico em relação aos fatos que nela circundam.

Fonte
http://www.brasilescola.com/

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DICA DE LEITURA


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Artigo sobre comportamento agressivo na escola + dica de hoje

Comportamento Agressivo na Escola
Por Larissa Fonseca*

Pais, educadores e instituições de ensino deparam-se com situações recorrentes nas quais as crianças e adolescentes manifestam comportamentos e atitudes agressivas, uso do poder, intimidação e brigas com colegas no dia a dia da Escola.
A agressividade, do ponto de vista do desenvolvimento humano, pode ser considerada como um mecanismo de defesa daquele que se sente impotente ou acuado, com dificuldade em se impor diante de alguma situação, ou até mesmo de se expressar de modo a ser compreendido e respeitado pelo outro. Existem algumas outras razões que podem ser consideradas para tais comportamentos, como questões culturais, sócio-econômica, saúde física e mental, histórico familiar (tanto em relação ao referencial de educação, quanto hereditariedade) e até fatores biológicos.
O fato é que ninguém nasce socializado. É preciso aprender a se socializar ao longo da vida e é na infância que esse aprendizado se dá de modo mais efetivo. A socialização da criança e do adolescente é um processo gradual, e construído nos diversos ambientes em que estão inseridos. Assim, instruí-los a usarem sua energia, muitas vezes desprendida com atitudes agressivas, de modo equilibrado, como impulso de determinação e não como reação a frustrações é um grande ensinamento que pais e educadores devem proporcionar a eles.
É importante ressaltar que, existem alguns comportamentos que são característicos de cada idade, como por exemplo, até os 6 anos, é comum crianças reagirem à determinadas situações com tapas, mordidas, gritos e chutes. Isso pode acontecer tanto em situações de conflitos como também significar uma tentativa de aproximação (no caso de crianças de 1 a 3 anos) dado que ainda não sabem bem como expressar seus sentimentos e agir em grupo.
No entanto, independente disso ser ou não uma atitude característica, é imprescindível que, desde o início, mesmo os pequenos de pouca idade, os pais e educadores orientem e coloquem limites diante desses comportamentos agressivos manifestados.
A escola detém uma importante parcela na construção do processo de socialização da criança dado que é nela que a mesma tem a oportunidade de vivenciar situações reais que “desafiam” suas habilidades sociais, desde pequenas disputas por brinquedos, espaços e atenção dos adultos, até maiores desentendimentos.
Assim, sempre em parceria com os pais, a construção do conceito de coletividade, o desenvolvimento da tolerância à frustração, a descoberta de formas saudáveis de resolver problemas e conflitos, devem ser objetivos tão importantes a serem alcançados quanto os chamados conteúdos escolares.
E o que fazer na prática?
Tanto Escola quanto família devem, desde o início, trabalhar e incentivar a construção coletiva de regras de convivência, a elaboração e apresentação diária de uma rotina estruturada, seja de aula ou de atividades domiciliares, valorização do potencial da criança, um planejamento de atividades motivadoras, o reforço positivo diante das atitudes da criança, a busca por modos aceitáveis para resolução de conflitos e de expressão de sentimentos, a construção e estreitamento de vínculo afetivo, suporte emocional e coerente referência moral e ética de comportamento, juntamente com a segurança física e emocional.
E para garantir essa segurança física e emocional?
Por mais que muitas vezes os pais sintam-se tentados a defenderem seus filhos com “unhas e dentes”, por mais que dê aquela vontade de tirar satisfações com os pais da “criança agressora” de seu filho ou até mesmo com a própria criança, no ambiente Escolar, quem deve fazer e mediar essas intervenções é a equipe pedagógica. Jamais incentive seu filho a reagir com força física a provocações externas.
Sem dúvida alguma, os pais devem estar sempre atentos aquilo que acontece com seus filhos no ambiente escolar e ensiná-los a se defenderem nas diversas situações, inclusive nas que forem agredidos ou provocados. No entanto, o modo como devem manifestar e reagir a essas situações é que é um dos mais importantes ensinamentos.

Incentive seu filho a, ao invés de “partir para a briga”, chamar o agressor ou o provocador para resolver as diferenças em uma partida de futebol, ou então em um campeonato de vídeo game, num jogo de basquete, uma corrida de bicicleta, enfim. Marque reuniões com coordenação e direção da Escola, individualmente e juntamente com os pais da criança ou adolescente agressor. Converse com seu filho ressaltando sua indignação e desaprovação em relação ao comportamento do outro, apontando atitudes que ele deve tomar e reforçando seu apoio para solucionar tais questões rapidamente.

Lembre-se de que, ao aceitar comportamentos agressivos, independente da razão, você estará ensinando a seu filho que isso é aceitável e justificável e, em outra ocasião, seu filho pode se tornar o agressor ou até mesmo se envolver em brigas físicas que lhe causem danos maiores. Assim, tomar atitudes igualmente agressivas para coibir a criança não funciona, mesmo que sua intenção seja “mostrar o quanto dói”, fazê-lo sentir o que possivelmente o outro sentiu, etc. O mais indicado é sempre evitar usar esse recurso na resolução dos conflitos.
E não vale querer ensinar seu filho a não bater no outro ou indignar-se por ele ter apanhado de um colega, se em casa você faz uso desse recurso para impor limites com tapinhas, puxões de orelha, etc!
Certamente não existem fórmulas mágicas para resolver essa problemática. No entanto, existem sim, muitos caminhos alternativos viáveis e apropriados para solucionar ou ao menos amenizá-la.
Por isso, ensine seu filho ou aluno a desenvolver maturidade e o senso de autoridade pessoal em situações de crise para que opte sempre pelo uso do bom senso, respeito, objetividade, diplomacia, firmeza e até compaixão no momento e evite prejuízos individuais e coletivos.
*Larissa Fonseca é Pedagoga graduada pela USP, pós graduada em Educação Infantil e Psicopedagogia, Psicomotricista em formação, com especialização no Universo do Brincar pelo centro de estudos filosóficos Palas Athena e em Psicanálise e Educação pelo Instituto de Psicologia da USP. Especialista em comportamento e desenvolvimento Infantil, trabalha há 14 anos com educação escolar. Atualmente atua como diretora pedagógica de uma instituição de ensino bilíngüe além de ministra cursos e palestras para pais e professores sobre diversos assuntos relacionados ao universo infantil. Participou como especialista convidada do Programa Papo de Mãe sobre "brigas na escola" exibido em 12.02.2012. Contatos: [email protected], www.larissafonseca.com.br
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DICA DE HOJE
Arquivo Público lança exposição virtual
"Ferrovias Paulistas"

O Arquivo Público do Estado de São Paulo acaba de lançar a exposição virtual "Ferrovias Paulistas", que mostra a trajetória do sistema ferroviário em território paulista desde meados do século XIX aos dias atuais. A exposição traz documentos de época e, para os professores e estudantes, propostas de atividades pedagógicas que podem ser utilizadas em sala de aula ou como material de estudo individual.
"As ferrovias fazem parte da história de São Paulo e foram fundamentais no desenvolvimento econômico e na expansão da agricultura no Estado, servindo durante décadas como meio de transporte principal de mercadorias dentro do território paulista", conforme explica a exposição.
A exposição ficará disponível permanentemente no endereço: www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_ferrovias.