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Na TV Brasil

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Instituto Movere - contra a obesidade infantil!

Olá, estamos de volta. Durante o programa, vocês conheceram um pouco do trabalho do Instituto Movere, uma organização sem fins lucrativos que tem por finalidade a reeducação alimentar, a prática de atividades físicas e a mudança de comportamento de crianças e adolescentes de baixa renda com sobrepeso e obesidade. Fiquem agora com a íntegra da entrevista exclusiva da Dra. Vera Lúcia Perino Barbosa, presidente do Instituto, concedida à nossa repórter, Rosângela Santos, especialmente para o Papo de Mãe.

Dra. Vera

RS: Vera, qual é o objetivo do Instituto?
VB: O objetivo é você prevenir e tratar a obesidade infantil. A faixa etária que nós trabalhamos é de 6 a 17 anos de idade. São crianças e adolescentes. Mas quando a gente fala em criança, a família também é incluída, pois participa de todo este processo, seja de prevenção ou de tratamento.
RS: De que maneira é esta participação da família?
VB: Eles começam com uma triagem. Essas crianças  passam por toda uma avaliação: primeiro fisiológica, depois da nutrição - para a gente ver como é que está o hábito da família. Passam pelos psicólogos, pela fisioterapeuta – que vai fazer uma avaliação com as crianças para ver quais já apresentam algum problema osteoarticular. Depois, elas começam o programa três vezes por semana, com duração de 2 horas. Aí, fazem atividade física dirigida, com frequência cardíaca controlada. Têm também aulas de educação nutricional. Nós temos a cozinha experimental, então elas também participam. Temos também as dinâmicas de grupo com a psicóloga, em que elas trabalham em grupo ou individualmente.
RS: O tratamento, entre aspas, que é feito aqui com essas crianças, é uma readaptação no dia a dia delas, quer dizer, mudanças de hábitos alimentares, de hábitos da rotina delas, mas tem remédio?
VB: Não, sem remédio, sem medicamento. Nós falamos que o remédio aqui é três vezes por semana de atividade física e uma alimentação saudável. Eu acho que é isto que a gente tem que preconizar daqui por diante para as nossas crianças. Acho que o medicamento só vai entrar na hora em que a criança já estiver com alguma comorbidade, alguma doença muito séria. Aí sim, o médico vai prescrever algum remédio. Do contrário, não há necessidade.
RS: Mas não aqui, quer dizer, vocês não trabalham com medicamento?
VB: Aqui não, nenhum medicamento, só atividade física, a parte emocional com os psicanalistas e a nutrição.
RS: Quais são os principais problemas? O que leva essas crianças a serem obesas? É constitucional ou existem muitos fatores externos?
VB: A genética é importante, mas os problemas externos, o ambiente, é fundamental para que a criança ganhe peso. A criança, muitas vezes, é o sintoma do que acontece na casa dela. Então, se ela está com algum problema em casa, ela pega isso para ela. A criança se acha culpada de tudo o que está acontecendo em casa. Então, ela vai comer porque ela está querendo "se fortalecer" para aguentar aquela carga toda. Por exemplo, se os pais se separaram... Muitas vezes, não é ela quem tem que suportar essa carga e as pessoas da família esquecem disto. A gente esquece que elas são crianças e que estão olhando e percebendo tudo. A criança é o sintoma, e que leva, muitas vezes, para mesa, a ansiedade pela falta do pai ou da mãe, pela briga que teve com o amigo... Então são várias carências... e a alimentação vai entrando no lugar dessas carências afetivas.
RS: Alimentação fora de hora é um problema?
VB: Sim. Aqui a gente fala muito isso para eles. Então é assim: é preciso comer a cada 3 horas, respeitar os horários, comer devagar, não assistir TV enquanto come (isso é a primeira coisa que a gente proíbe aqui). São no mínimo 5 refeições por dia: o café da manhã, o lanchinho da manhã, o almoço, o lanchinho da tarde e o jantar. São essas as refeições principais. E aqui a gente ensina como fazê-las, de que forma e em termos calóricos também.
RS: Eles me falaram "ah, a gente agora não come mais porcaria, agora eu não como mais bobagem", quer dizer, eles chegam aqui com um elenco de bobagens e porcarias que eles consomem?
VB: Sim, muito. Para você ter uma ideia, quando a gente faz a avaliação nutricional dessa criança, em termos calóricos, chega a 5 mil calorias por dia! Às vezes eles tomam café da manhã, vão pra escola, e aí comem lanches que são aqueles salgados fritos, consomem todos aqueles sucos ou refrigerantes muito calóricos também. Fora isso, o almoço. Eles ficam muito tempo sem comer e na hora que vão almoçar, eles repetem. A repetição também faz com que eles ganhem muito peso. Aí, durante a tarde toda, pacotes e pacotes de bolacha. Um pacote de bolacha, dependendo da bolacha, tem 1200 calorias. E eles não comem uma ou duas bolachas, mas o pacote todo. Depois que eles entram aqui, a gente começa a mostrar que nada é proibido, eles podem comer de tudo, mas tem que pensar na quantidade e na qualidade desses alimentos. Então, eles vão comer uma bolacha, tomar um refrigerante? Lógico que vão, eles são crianças. Vou proibir? De forma alguma. Muitas vezes, eles vão comer a mais, sim. Afinal, eles não são ratinhos de laboratório que você controla. Mas aí, no outro dia, eles vão voltar a comer normalmente... Então, não é para pensar que “hoje eu comi muito, agora não adianta mais”. Não. A gente mostra isso para eles...
RS: Quando os pais devem ligar o alerta?
VB: Essa criança começa a se isolar. Primeiro ponto. Muitas vezes, não quer ir para a escola, não brinca, fica em casa sozinha, muito em frente ao computador... Depois, ela começa a apresentar uma certa agressividade. Isto quer dizer que ela não está feliz com ela própria. As roupas também mostram. A mãe fala “puxa, meu filho tem 10 anos e já está usando P adulto!”. Então, estes são alguns sinais que a mãe tem que ficar atenta e já procurar um pediatra para fazer uma boa avaliação.
RS: É prevenir agora para eles não sofrerem. Inclusive, porque eles vão entrar na adolescência... e mais tarde é mais difícil?
VB: Muito mais. A adolescência principalmente. Quando eles ainda estão na primeira infância, até os 10 anos, você percebe que eles até levam tranquilamente. Mas o adolescente já é taxado “ah, você fica no gol porque você é gordinho”, ou então “você não vai jogar porque você não tem condicionamento”. Ele já é colocado de lado. Para o adolescente isso é muito ruim, e para a parte psicológica é péssima. Então, a gente também tenta trabalhar a autoestima dele.
RS: Como vocês mantêm o Instituto?
VB: O Instituto, hoje, está se mantendo sozinho. Nós acabamos de assinar um convênio com a prefeitura, mas ainda pequeno. A gente precisa de muita ajuda. As empresas podem nos ajudar via FUNCAD - Fundo Nacional da Criança e Adolescente, ou seja, 1% do imposto pago pela empresa será revertido em nosso favor, sem que este dinheiro saia do bolso da empresa. Você vê que com muito pouco, a gente já faz muito. Então, um pouquinho de ajuda, 1%, só, é pouquinho, mas dá pra fazer.
RS: Por que você resolveu abrir o Instituto, fazer esse projeto?
VB: Primeiro porque a gente via a demanda e eu enxergava um futuro muito triste para estas crianças. Muitos deles não podem pagar, como é que vão se tratar? Então, a gente precisa de um espaço onde a gente se doe um pouco. Acho que o ser humano tem que se doar, pelo menos um pouco. O dízimo, que todo mundo fala, a gente também tem que dar o nosso. E a minha contribuição como cidadã, como pessoa é essa. É através do meu conhecimento adquiridos em 15 anos de estudo na área, é passando para essas famílias um pouco do que aprendi.
RS: Quantas crianças você já ajudou?
VB: Olha, mais de 1400 já passaram pelo Instituto. Eu espero, ainda, passar muito mais para poder ajudar.
RS: Você ajudou mais ou elas ajudaram você?
VB: Acho que elas ajudaram muito mais a mim do que eu a elas. Porque ... [se emociona]... é emocionante você ver eles saírem deste quadro. Hoje, alguns me procuram para falar “nossa, Vera, estou fazendo Educação Física, "estou fazendo Nutrição”. Então, isso para mim não tem preço.
RS: O que de mais emocionante você já ouviu deles?
VB: Olha, foram tantas coisas... Por exemplo, “Vera, o Instituto Movere foi Deus quem criou para ajudar a gente”, “o Instituto Movere salvou a minha família”, “o Instituto Movere fez com que meu filho enxergasse um novo caminho que estava perdido”... Eu acho que a gente faz um pouco de inclusão dessas crianças, também. Eles chegam meio perdidos. Então, se você perguntasse para uns aqui “o que você quer ser?” Eles chegavam aqui e diziam “ah, não sei”... Mas uma hoje falou para mim que quer ser “ endócrino”. Gente, isso é o máximo pra mim! É uma criança que vai conseguir. Ela pode não ter recurso, mas vai batalhar porque sabe que com isso aqui ela vai conseguir. Então, acho que é isso que emociona a gente. Quando você ajuda uma família você está ajudando uma geração inteira. O impacto social nisto não é só para a gente, mas para a sociedade, é muito grande. Então, acho que isso emociona, porque quando você vê alguém chegando para te abraçar, não tem dinheiro no mundo que pague! Isso sim faz com que eles criem esse vínculo com a gente. Essa é a diferença do nosso projeto.
***
Gente, o trabalho da Dra. Vera e de toda a equipe do Instituto Movere é muito bacana. Por isto, convidamos a todos a assistir o vídeo abaixo e acessar o site: 


ATENÇÃO, GESTANTES!!!
Amanhã, 15/12, termina o prazo para vocês participarem da Promoção Natal Papo de Mãe é na Zazou e concorrer a um belo presente de Natal da Zazou. Cliquem aqui e vejam como participar. Ainda dá tempo!!!!! 

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