Produção
de hormônios altera o comportamento e estreita o vínculo com a família
Por Luiza
Tenente – Revista Crescer
Sempre se
fala em toda a reviravolta que ocorre no organismo da mulher durante e após a
gestação: afinal, ela carrega o bebê em seu ventre por nove meses e, depois,
ainda vive a experiência de amamentá-lo. Mas e os homens? Saiba que a
paternidade também traz alterações na química corporal deles. Seja a produção
de certos hormônios ou a modificação na estrutura do cérebro, tudo é programado
para que os laços com a criança e com a mãe sejam estreitados. O novo pai
aprende que tem uma nova posição no mundo: irá cuidar de um outro ser e amá-lo
assim que o conhecer.
A partir do fim da gestação até os primeiros meses
de vida da criança, uma substância chamada ocitocina será
produzida e liberada em maior quantidade no organismo masculino. E é isso que fortalece,
desde o início, o vínculo do pai com o bebê. O comportamento passa a ser de
maior zelo e cuidado em relação ao filho. Há também o aumento de dois
neurotransmissores: a serotonina e a dopamina. Parecem nomes difíceis, mas o sentido
deles é incrível – são responsáveis pela sensação de bem-estar, de felicidade e
de plenitude. Depois de nove meses de expectativa, o pai se sentirá completo ao
conhecer a criança.
E quando
o bebê começa a chorar, de repente? A reação do homem tende a ser mais rápida e
significativa depois da paternidade. Isso porque há mudanças na estrutura do
cérebro que deixam os cinco sentidos (olfato, paladar, audição, tato e visão)
aguçados. “O novo pai fica mais atento a tudo o que ocorre ao redor de sua
família. Assim que detecta o que é potencialmente nocivo para a criança, já
elabora uma resposta rápida para defendê-la”, explica Ricardo Monezi,
pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Unifesp (SP). A produção
de testosterona, por exemplo, passa a variar mais depois que a mulher dá à luz.
Quando o homem está numa situação que julga perigosa, a liberação do hormônio
dispara, para que esteja preparado e proteja sua “cria”. Mas, quando está em
casa, segurando o filho calmamente no colo, a testosterona se reduz e o pai
fica menos agressivo e mais próximo à criança.
Há ainda
uma alteração no sistema límbico, uma parte do cérebro relacionada às emoções:
a tendência é que o homem fique sensível. Em casos extremos, essa ternura se
exacerba a tal ponto que há o crescimento do tecido mamário e a produção de uma
substância líquida na glândula da região, como se o homem fosse amamentar.
Claro que, nessa situação, é preciso procurar ajuda médica - há um distúrbio da
hipófise, glândula que pode provocar a alteração da prolactina (hormônio que,
nas mulheres, auxilia na produção do leite). É uma patologia chamada de
pseudociese, ou “falsa gravidez”.
Juntinhos
É importante saber que todas as mudanças no organismo masculino dependem do
grau de envolvimento do pai com o bebê. “A convivência é essencial. Compartilhar
experiências e passar momentos juntos são atos importantes para reforçar o
vínculo familiar”, diz Monezi. Dar papinha, ajudar na hora do banho e
conversar colocando-se na altura dos olhos do filho são pequenos gestos, mas
que ajudarão na construção do sentimento de aproximação. Mais para frente,
demonstrar interesse pelo que ocorre na escola e nas atividades de lazer também
são exemplos de boa convivência.
Mas e se
o pai não morar na mesma casa que o bebê? Não se preocupe. Basta sempre ter o
cuidado de tornar cada momento em que passarem juntos como algo intenso e
especial. É preciso trocar a palavra "quantidade" por
"qualidade". Dá para ficar mais próximo da criança, mesmo se a
frequência de visitas não for tão grande quanto a que você deseja. E não
podemos desprezar os benefícios da tecnologia: os celulares, o Skype e as redes
sociais permitem que pai e filho conversem, troquem fotos, gravem mensagens de
voz e até joguem à distância. Monezi aconselha: “Faça um resgate da infância e
vire criança também na hora da brincadeira. Isso reforça o vínculo com a
família e com a própria vida".
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