Tony Attwood
Tradução e resumo: Raquel Guimarães
Del Monde - [email protected]
Capítulo 1: Diagnóstico
Descrita inicialmente em 1944 pelo pediatra vienense Hans Asperger como
forma de desordem da personalidade, com reconhecimento internacional na década
de 90, a Síndrome de Asperger refere-se a crianças aparentemente normais, com
habilidade intelectual normal, mas que não parecem capazes de entender as
outras pessoas num nível esperado para sua idade.
Características clínicas principais:
·
Falta de empatia
·
Interação social imprópria, falta de reciprocidade, ingenuidade.
·
Pouca habilidade para fazer amigos
·
Fala repetitiva ou pedante
·
Pobre comunicação não verbal
·
Interesse intenso em certos assuntos
·
Pobre coordenação motora
Diagnóstico:
1. Uso de escalas padronizadas.
2. Avaliação dos aspectos específicos das habilidades sociais, cognitivas,
de linguagem, de movimentos e também aspectos qualitativos dos interesses da
criança. Inclui uso dos testes psicológicos usuais, história do desenvolvimento
e comportamento, observação dos professores e exclusão de diagnósticos
diferenciais.
Média da idade do diagnóstico: 8 anos.
Caminhos para o diagnóstico:
1.
Diagnóstico de autismo nos primeiros anos de vida.
2.
Primeiro ano da escola.
3.
Expressão atípica de outra síndrome.
4.
Diagnóstico de outro membro da família.
5.
Desordem psiquiátrica secundária.
6.
Adulto com características residuais de Asperger.
Capítulo 2 : Comportamento Social
A pessoa com Asperger é vista por outras pessoas como sendo diferente
devido ao seu comportamento social incomum.
Critérios diagnósticos:
Gillberg (1989): Falta de habilidade para interagir com outras crianças
Falta
de interesse de interagir
Pouca
compreensão dos sinais sociais
Comportamento
socialmente e emocionalmente impróprio.
Critérios de comunicação não verbal que interferem no comportamento
social:
· Uso limitado de
gestos
· Linguagem
corporal desajeitada
· Expressão facial
limitada
· Expressão
imprópria
· Olhar parado,
peculiar
Outros (Szatmari,1989): não perceber sentimentos dos outros.
Brincando com outras crianças:
· Preferência de
ficar sozinha ou com adulto
· Não se vê como
parte do grupo
· Indiferença as
pressões do grupo
Códigos de conduta
· Não parece
conhecer as regras informais da conduta social: pode dizer ou fazer coisas que
ofendem ou incomodam outras pessoas
· Rigidez com as
regras que conhece
· Impulsiva, age
sem avaliar as conseqüências.
Técnica das histórias sociais: usada para capacitar a criança a
entender situações específicas em que apresenta comportamento inadequado.
Cria-se uma história onde a situação é descrita, destacando-se os aspectos
sociais, as ações esperadas e informando o que está acontecendo e por que.
Utiliza-se quatro tipos de sentenças: Descritivas: descrevem objetivamente onde a
situação ocorre, quem está envolvido, o que estão fazendo e por que. Perspectivas: descrevem e explicam as reações e
sentimentos das outras pessoas. Diretivas: dizem o que é esperado que a
criança faça ou diga. Controle: desenvolvem estratégias para ajudar
a pessoa a lembrar o que fazer ou como entender a situação. Podem ser sugeridas
pela criança e incluir seu interesse especial. Deve haver um equilíbrio nos tipos de sentenças com 2 a 5 sentenças
descritivas e perspectivas para cada sentença diretiva e/ou de controle. Deve
ser escrita na primeira pessoa do singular e no tempo presente.
Programas para Comportamento Social Adequado
1. Pais: modelar o comportamento da criança, mostrando-lhe o que fazer ou dizer
em situações comuns do dia a dia, tais como: Começar,
participar e terminar uma brincadeira. Flexibilidade e
cooperação. Explicar o que
deveria ter dito ou feito em uma situação onde agiu inadequadamente. Convidar um amigo
para brincar. Estimular
atividades em grupo supervisionadas.
2. Professores: a sala de aula oferece muitas oportunidades para aprender
comportamento adequado. Algumas estratégias: Use as outras
crianças como modelos: quando a criança estiver tendo comportamento inadequado,
lembre de pedir para que observe as outras crianças e copie o que estão
fazendo. Encorage atividades
de cooperação quando houver tarefas que possam ser feitas em pequenos grupos,
evitando competição. Seja um modelo de
interação com a criança: demonstre tolerância, aponte o comportamento
apropriado e seja encorajadora, deste modo as outras crianças da classe tendem
a imitar estas atitudes. Reconheça e elogie alunos que se mostrem
colaboradores. Explique a
criança meios alternativos de buscar ajuda, com outras crianças ou outros
membros da equipe. Estimule a
amizade com as outras crianças, dentro e fora da sala de aula.
Grupos de habilidades sociais: desenvolvem atividades para ampliar
a percepção dos sinais sociais e das atitudes apropriadas as diversas
situações. Podem ser feitas a partir de situações reais ou imaginarias, com uso
de teatro, vídeos, jogos de mímicas, exercícios, discussões.
Amizades: crianças com Asperger muitas vezes precisam ser estimuladas em
suas amizades e orientadas a reconhecer as qualidades de um relacionamento que
definem a amizade. Podem fazer atividades onde descrevem atividades que os
amigos fazem juntos, como reconhecer manifestações de afeto e identificar
palavras e gestos que expressam afeição. Devemos estar atentos para reconhecer
quando imitam comportamentos inadequados de seus amigos e quando são vítimas de
armações por parte de outras crianças.
Adolescentes com Asperger tornam se mais conscientes de suas
dificuldades e geralmente precisam de mais ajuda em relação aos amigos.
Contato olho a olho: pode haver diferentes graus de dificuldade de
manter contato ocular ao interagir com outras pessoas. A pessoa com Asperger
não percebe a importância do olhar na comunicação, não consegue interpretar as
mensagens sutis no olhar de seu interlocutor e não consegue fixar seu olhar no
rosto da outra pessoa por mais que alguns segundos,
Emoções: a falta de empatia da criança com Asperger não significa que ela
não tenha sentimentos, mas que fica confusa com os sentimentos das outras
pessoas e tenha dificuldade em expressar suas próprias emoções. Seu rosto e
linguagem corporal não expressam suas emoções no grau esperado e ela não
reconhece bem as mudanças na linguagem corporal das outras pessoas.
Estratégias para compreender emoções
O principio básico é explorar uma emoção de cada vez como um tema de um
projeto. Por exemplo, iniciar com a emoção feliz. Providenciar muitas
ilustrações com o tema feliz, canções, álbum de fotos, listar eventos que fazem
uma pessoa feliz. Graduar os diferentes níveis de felicidade. Pode-se indicar
diferenças nos conceitos das pessoas e entrevistar pessoas sobre o que as fazem
felizes. Incluir obras de arte que expressam felicidade. Pesquisa do que
podemos fazer ou dizer para fazer alguém feliz. Uso de espelho para que a
pessoa faça uma expressão feliz. Jogo de completar uma face em branco com
traços que expressam felicidade. Fazer desenhos de situações felizes.
Interpretar uma pessoa feliz.
Em seguida, podemos passar para uma emoção oposta, como tristeza, trabalhando
também como reagir quando outra pessoa expressa a emoção e como podemos
expressa-la.
Então podemos passar para outras emoções, raiva, ansiedade, frustração,
satisfação, surpresa, orgulho, ciúme e vergonha. Podemos idealizar um caderno
para explorar os acontecimentos e pensamentos que despertam as diferentes
emoções. Como atividade de grupo, podemos fazer o jogo dos chapéus dos
sentimentos, onde cada um escolhe um chapéu com o nome de um sentimento e conta
aos outros situações que despertaram esse sentimento.
Devemos ensinar a criança a dizer quando não está conseguindo
identificar a emoção que outra pessoa expressa.
Estratégias para expressar emoções
Uso de um desenho
de “termômetro” para graduar emoções. Fazer caderno
para explorar as respostas apropriadas a situações específicas. Por exemplo,
como você se sentiria e o que diria ou faria se alguém dissesse que sua roupa é
ridícula? Se você estudasse muito para uma prova e tirasse nota baixa? Se você
cumprimentasse outra pessoa e ela te ignorasse? A criança pode fazer desenhos e
textos para cada situação. Explicar os
efeitos de comportamento inadequado nas outras pessoa (ex.: gargalhar quando
está ansioso). O mesmo para linguagem corporal inadequada. Podemos filmar a
pessoa e treinar outros modos de expressão. Facilitar a
expressão dos sentimentos com perguntas chave ou estimular a criação de um
diário.
Capítulo 3 : Linguagem
Quase 50% das crianças com Asperger tem atraso de linguagem. Além disso,
parecem ser menos capazes de manter uma conversação natural, sendo que as
diferenças aparecem em áreas especificas: no modo como a linguagem é usada no
contexto social, na semântica (duplos sentidos) e prosódia (ritmo, ênfase
incomuns).
Critérios diagnósticos (Gillberg, 1989):
· Atraso no
desenvolvimento da fala.
· Expressão
superficialmente perfeita.
· Linguagem formal,
pedante.
· Características
de voz e prosódia peculiares.
· Falhas na
compreensão da linguagem, com erros de interpretação dos significados
implícitos, leva “ao pé da letra”.
Outras descrições incluem falta de coerência, uso idiossincrático das
palavras ou padrões repetitivos da fala.
Numa conversa com uma criança com Asperger podemos observar comentários
irrelevantes para a situação ou que não seguem os códigos sociais ou culturais.
Além disso, a criança não parece reconhecer as reações do seu interlocutor. A
criança precisa ser orientada em relação aos comentários convencionais e
apropriados às diversas situações, a maneira de esclarecer algum tópico confuso
da conversa, a perceber o momento de não interromper a outra pessoa ou de não
fazer comentários alheios ao assunto em questão.
Uma técnica foi desenvolvida com o objetivo de capacitar as crianças a
entender aspectos da conversação que podem ser difíceis para elas. Nesta
técnica são usadas figuras de pessoas e balões que representam as falas e os
pensamentos das pessoas, como numa história em quadrinhos. Podemos desenhar os
balões de diferentes maneiras de modo a indicar as diferentes emoções e também
usar cores para simbolizar as emoções dos pensamentos (ex. azul para tristeza,
verde para contentamentos, etc). Então podemos associar aspectos do tom da voz
e da linguagem corporal que também expressam as emoções durante uma
conversação. Esta técnica pode mostrar que cada pessoa pode ter diferentes
pensamentos e sentimentos em cada situação, que podem não expressar em palavras
o que estão sentindo e ainda mostrar alternativas de comentários para uma dada
situação. Também podemos usa-la para mostrar como se muda um assunto e como
incluir comentários que expressam simpatia pelo interlocutor.
Figuras de linguagem e expressões populares (caiu a ficha, o gato comeu
sua língua, fica frio, etc) podem ser muito confusas para uma criança com
Asperger e precisam ser explicadas. A mesma coisa acontece com brincadeiras que
geralmente fazemos com as crianças, que podem ser mal interpretadas. Também
pode haver problema em detectar mentira ou sarcasmo. Precisamos ter cuidado ao
fazer comentários ou dar instruções.
Em conversas, nós mudamos o tom de voz e o volume para dar ênfase a
certas palavras (Eu não disse que ela roubou o meu dinheiro). Crianças com
Asperger normalmente não utilizam este recurso e não o reconhecem na fala de
outra pessoa.
Algumas crianças com Asperger podem falar sozinhas (para “praticar
frases” ou como ritual) e outras podem ter dificuldades em situações quando
mais de uma pessoa está falando e algumas precisam que as frases sejam
repetidas para que entendam o seu significado. Para estas ultimas é necessário
dar instruções claras, com pausas para serem processadas, repeti-las de outra
maneira ou mesma fornece-las por escrito.
Capítulo
4 : Interesses e rotinas
Duas características da Síndrome de Asperger que ainda não foram
adequadamente definidas na literatura são: a tendência de tornar-se fascinado
por um interesse especial e a imposição de rotinas (rituais) que devem ser
seguidas.
O interesse especial parece começar com coleções diversas e mais tarde
evolui para assuntos específicos, os mais comuns sendo transporte, dinossauros,
eletrônica e ciência. Isto aparentemente dá segurança e prazer à criança.
Quando se torna um problema para a família, por sua intensidade ou estranheza,
podemos tentar o acesso controlado ao seu interesse. Muitas vezes o interesse
pode ser encorajado para um uso construtivo, para a incorporação de novos
conhecimentos em sala de aula ou mesmo como uma vocação profissional, bem como
para relaxamento e ampliação do contato social.
O estabelecimento de rituais leva a situações quando o não cumprimento
destes leva à grande ansiedade e frustração da criança. Pode tornar-se mais
intenso num período de mudanças na vida da pessoa ou em situações de ansiedade.
É importante que a criança tenha uma rotina diária bem estabelecida, com uma
seqüência de eventos definida para tornar a vida previsível. No fim do ano
escolar devemos ter um preparo para as mudanças do próximo ano.
Capítulo 5 : Falta de habilidade motora
Uma certa falta de habilidade motora ocorre em 50 a 90% das crianças e
adultos com Asperger. Na criança pequena pode ser manifestada por uma
habilidade limitada para jogos com bola, dificuldade em amarrar sapatos e um
andar característico. Na idade escolar notamos uma letra de mão ruim e falta de
aptidão para esportes. Na adolescência uma minoria desenvolve tiques faciais ou
piscam os olhos constantemente.
Locomoção: pode haver falta de coordenação entre os membros superiores e
inferiores, dando uma aparência de “boneco” ao andar ou correr. Um
fisioterapeuta pode desenvolver uma marcha mais natural e coordenada através de
programas usando espelhos, música, dança. E interessante notar que a habilidade
para nadar parece ser a menos afetada.
Jogos de bola: a coordenação pobre com a bola pode levar à exclusão da
criança dos jogos das outras, portanto deve ser treinada para ter habilidade
suficiente para incluir-se nas atividades.
Equilíbrio: pode precisar de treino para atividades que requerem
equilíbrio.
Destreza manual: habilidade de realizar atividades que exigem o uso das
duas mãos, tais como vestir-se, amarrar sapatos ou comer com garfo e faca. Pode
afetar atividades de membros inferiores também, tal como andar de bicicleta.
Uma estratégia útil é ensinar a criança com as mãos do adulto sobre as mãos da
criança, gradualmente diminuindo o suporte.
Letra de mão: o professor pode passar um tempo considerável decifrando a
letra da criança. A criança pode estar consciente da letra feia e evitar
escrever. A ajuda de um terapeuta ocupacional pode ser necessária, mas a
tecnologia moderna pode minimizar o problema, já que crianças com Asperger
podem ser hábeis usando o teclado dos computadores. Permitir o uso do
computador para fazer as lições e as avaliações pode igualar seu desempenho com
o das outras crianças.
Ritmo: pode haver dificuldade para acompanhar o ritmo dos movimentos das
outras pessoas ao andar ou tocar um instrumento, por exemplo.
Algumas desordens especificas: Síndrome de Tourette, três categorias:
motora (tiques), vocal (sons incontroláveis de animais ou outros ou
palilalia/ecolalia) e comportamental (comportamento obsessivo compulsivo). Catatonia
ou características de Parkinson, rara. Disfunção
cerebelar.
Capítulo 6 : Aspectos cognitivos
Cognição é o processo de construção do conhecimento e inclui pensamento,
aprendizagem, memória e imaginação. Através da pesquisa no campo da psicologia
cognitiva nossa compreensão a respeito da Síndrome de Asperger tem aumentado.
Por volta dos quatro anos de idade, a criança começa a entender que as outras
pessoas têm sentimentos, pensamentos, valores e desejos que vão influenciar seu
comportamento. Portadores de Asperger parecem apresentar uma falha nesta
habilidade fundamental. Por exemplo, eles podem não entender que um comentário
pode ofender ou constranger uma pessoa e que um pedido de desculpas poderia
ajudar a outra pessoa a sentir-se melhor. Durante a etapa do diagnóstico são
usadas histórias para avaliar a capacidade da criança de considerar o
pensamento ou sentimentos do outro. Mesmo quando são treinadas a reconhecer o
que o outro possa pensar ou sentir, eles podem mostrar que são capazes de
racionalizar essas reações, mas não de agir de acordo com elas numa situação.
Parece haver uma dificuldade para perceber a relevância de diferentes tipos de
conhecimento para a resolução de um problema especifico.
Habilidades nos Testes de Inteligência
Os testes de inteligência podem ser úteis para identificar as áreas em
que a criança vai bem e aquelas em que tem dificuldade. Como os resultados
geralmente são muito discrepantes (bons quando se avalia significados de
palavras, informação objetiva, aritmética e geometria e desapontadores em ítens
que requerem compreensão e aptidão social), deve-se ter cautela em interpretar
os testes. O padrão mais importante do que o número obtido. O autor
recomenda que os testes escolares sejam modificados de forma que o texto
importante seja destacado, que o local tenha o mínimo de distrações e que haja
tolerância com os problemas de letra e do tempo usado para escrever as
respostas.
Memória
Geralmente os portadores de Asperger têm excelente memória, o que pode
ser trabalhado para ser uma vantagem para eles.
Inflexibilidade de pensamento
O pensamento da pessoa com Asperger tende a ser rígido e não suportara
mudanças ou falhas. Eles podem ter sempre a mesma abordagem para um problema,
sendo menos capazes de aprender com os próprios erros. Podem persistir numa
estratégia e não aceitam procurar outras alternativas. Isto pode causar vários
problemas em sala de aula. Um modo de lidar com isso é sempre levar a criança a
procurar as várias alternativas de cada situação.
Outra característica é que uma vez que a criança tenha aprendido uma
atividade, ela pode não conseguir transferir ou generalizar seu conhecimento
para outras situações. Pais e professores devem ficar atentos para isso.
Ler, soletrar e habilidade com números
Uma boa parte dos portadores de Asperger pode ficar nos dois extremos em
sua habilidade com letras e números. Alguns desenvolvem hiperlexia, ou seja, o
reconhecimento das palavras altamente desenvolvido, mas uma pobre compreensão
das palavras ou do texto, enquanto outros apresentam dificuldade considerável
decifrando o código da leitura. Outros são fascinados por números, embora usem
métodos próprios e fora do comum para resolver problemas matemáticos. Isso deve
ser levado em conta pelo professor. Pode haver um medo desproporcional de
falhar ou ser imperfeito, sendo que algumas crianças nem começam uma atividade
se suspeitam que podem não ser bem sucedidas. O professor precisa ser
encorajador, evitando o tom de crítica. Se ocorrer um erro, agir naturalmente
explicando que a tarefa realmente é difícil e que não é culpa da criança.
Algumas crianças não pedem ajuda e o professor precisa estar atento para isso.
Parece haver um distúrbio da atenção e mesmo acontecer que a pessoa com
Asperger também apresente Transtorno de Déficit de Atenção. Ocasionalmente a
criança parece estar no mundo da lua, mas está escutando tudo. Outra
característica é a falta de motivação para atividades pouco interessantes para
ela.
Imaginação
A brincadeira imaginativa da criança com Asperger pode ser muito
criativa, mas geralmente solitária ou com regras rígidas. Crianças mais velhas
podem desenvolver uma rica e imaginativa vida interior, como uma forma de
escape ou por prazer, o que pode levar ao início de uma carreira acadêmica ou a
um hobby. Um aspecto negativo é que a criança tem dificuldade de distinguir
realidade e ficção.
Pensamento visual
Evidências sugerem que o pensamento das pessoas com Asperger seja
predominantemente do tipo visual. A desvantagem é que muito do conteúdo escolar
é apresentado para o modo verbal de pensamento, razão pela qual devemos usar
diagramas ou analogias visuais para ensinar. Entretanto,
o pensamento visual é uma grande vantagem para a área da ciência e da arte, já
que permite recriar objetos de maneira original.
Capítulo : 7 Sensibilidade sensorial
Cerca de 40% das crianças com Asperger apresentam uma percepção muito
intensa de estímulos sensoriais comuns, embora sejam mais tolerantes a níveis
moderados de dor. Pode haver extrema sensibilidade auditiva, táctil, visual e
quanto ao gosto e textura dos alimentos.
A pouca resposta à dor faz com que os pais tenham que ser mais atentos
aos seus sinais.
Capítulo 8 : Algumas questões comuns
A Síndrome pode ocorrer com algum outro distúrbio?
Sim, existem algumas condições médicas (esclerose tuberosa,
neurofibromatose, paralisia cerebral) que constituem fatores de risco para
Asperger. É possível que uma criança tenha também Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade associado e deve ser tratada para ambas.
Qual é a diferença entre Autismo de Alto Rendimento e Asperger?
O termo Autismo de Alto Rendimento foi criado para designar crianças que
apresentaram sinais de autismo clássico nos primeiros anos de vida e então
desenvolveram a habilidade de falar usando sentenças complexas, habilidades
sociais básicas e capacidade intelectual dentro do normal. Crianças com
Asperger não apresentaram características do autismo clássico em seus primeiros
anos.
Meninas e meninos diferem quanto à expressão da Síndrome?
Para cada menina avaliada, temos 10 meninos, embora a evidência epidemiológica
indique 1 menina afetada para cada 4 meninos. Os meninos têm déficits sociais
maiores e maior propensão a comportamento agressivo ou inadequado,
principalmente quando frustrados ou ansiosos. Meninas parecem mais capazes de
imitar o comportamento de outras crianças. Aparentam ser mais imaturas do que
diferentes das outras. A experiência clínica sugere que o prognóstico para as
meninas seja melhor.
Como lidar com a ansiedade da criança?
A vida escolar costuma ser estressante para a criança. Ela nunca sabe
quando seu comportamento vai ser inadequado para determinada situação. Para
algumas, o nível de ansiedade é como a maré, períodos agitados seguidos por
períodos calmos. Pais e professores devem notar os sinais de ansiedade na
criança e conhecer os eventos que desencadeiam stress para ela. Para níveis
baixos de ansiedade, indicamos atividades relaxantes (ambiente calmo, com
música, massagem, tempo no computador ou com um livro que acha interessante).
Outra opção são atividades esportivas para queimar energia. Se o recreio
escolar for um problema, aconselha-se usar a primeira parte dele para brincar
com outras crianças e o resto do tempo para brincar no computador ou ficar na
biblioteca. Isso faz com que se acalme para o resto do período. Algumas crianças
precisam de intervalos pequenos ao longo das aulas.
Muitas crianças com Asperger têm uma preocupação exagerada em não
parecer burras perante as outras e não pedem ajuda ou assistência do professor
quando necessitam. Neste caso, pode-se combinar um código entre a criança e o
professor para pedir ajuda sem chamar a atenção das outras crianças. Alguns
casos se beneficiam de terapia cognitivo-comportamental e medicação.
Há risco de depressão?
O risco é um pouco maior do que na população normal, porém tende a
ocorrer na adolescência e vida adulta como reação às circunstâncias ocasionadas
pela Síndrome (falta de amigos e vida social, pouco sucesso na escola e no
trabalho). É importante que a família fique atenta às diferentes maneiras da
pessoa expressar seus sentimentos (riso excessivo, indiferença).
Como lidar com a raiva da criança?
As crianças com Asperger parecem provocar os instintos protetores ou
predatórios nas outras. Algumas crianças gostam de fazer brincadeiras de mau
gosto ou armar situações para o colega com Asperger se meter em encrencas. A
criança com Asperger tende a reagir furiosamente, pois lhe falta empatia,
sutileza e auto-controle para moderar sua reação e acaba por ser vista como
agressiva.
Podemos usar a estratégia de explicar sentimentos, encorajar
auto-controle (contar até dez, dar uma volta, respirar fundo) e ensinar opções
(usar palavras, sair de perto da situação, pedir a outra pessoa que saia,
buscar ajuda de um adulto).
Mulheres podem se tornar o alvo da raiva, pois costumam reagir menos.
Relaxamento e atividades físicas são também opções.
Para crianças mais velhas, a técnica das histórias em quadrinhos pode
ser usada, explorando os sentimentos e as ações.
Medicação pode ser útil em períodos particularmente estressantes.
O que muda na adolescência?
Os adolescentes ficam mais sensíveis às críticas, percebem mais as
diferenças entre si mesmos e seus amigos e tendem a ter exacerbações dos sinais
da Síndrome. As mudanças emocionais tendem a ocorrer mais tarde, bem como
interesses românticos.
Quais recursos são necessários para a criança?
Geralmente as crianças freqüentam escolas regulares. O mais importante é
o acesso da família e dos professores à informação. Em alguns casos, um tutor
para a criança é aconselhável. Suas principais responsabilidades são: encorajar
a socialização da criança, ajudando a criança a reconhecer os códigos de
conduta e a desenvolver suas habilidades e talentos, trabalhar a coordenação
motora, ajudar nos problemas de aprendizagem. Ou seja, o tutor aplica um
programa desenvolvido pelo professor e por diversos especialistas que abrange
habilidades sociais, lingüísticas, motoras, sensoriais e comportamentais.
Que qualidades devemos buscar na escola ou professor?
A criança com Asperger é um desafio e a expressão dos sinais pode variar
dia a dia. Num dia ela pode estar calma, concentrada nas atividades,
relaciona-se bem com os outros e absorve o conteúdo das aulas. No dia seguinte
pode parecer outra criança. Portanto o mais importante é que o professor seja
calmo, flexível, previsível em suas reações e que seja capaz de ver o lado bom
da criança. Não há necessidade de experiência anterior. Pode levar um tempo
para que aprenda a se relacionar com a criança. Classes pequenas e mais
tranqüilas, com uma atmosfera de encorajamento favorecem a criança. Quando o
professor apóia a criança com Asperger, as outras crianças da classe tendem a
fazer o mesmo. Também é importante que o professor receba apoio dos colegas e
da administração da escola. Alguns ajustes poderão ser necessários para as
avaliações da criança.
O que podemos esperar do futuro?
Pessoas com Asperger podem ser extremamente bem sucedidas em suas vidas
profissionais, podem formar suas famílias e desenvolver suas habilidades
sociais até ao ponto em que não possam mais ser distinguidas das outras
pessoas. Isso depende do grau da expressão da Síndrome e do tipo de assistência
que receberam ao longo da vida.
Um comentário:
EI PAPO DE MAE!! EU assisti o programa de voces na INTEGRA!!
FOI mto bom!!!
AH, transmiti online tb!!!
parabens!
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