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segunda-feira, 7 de abril de 2014

ABORTO: entenda o aborto espontâneo

Conheça as principais causas desse tipo de aborto e quando ele é motivo para tratamento

Por Cíntia Marcucci – Revista Crescer

Você está doida para ter um bebê. A menstruação atrasa e já pensa na estratégia que vai usar para contar a novidade ao mundo. Mas alguma coisa não sai como o planejado e a gestação, infelizmente, não vai para frente. Lidar com um aborto espontâneo é frustrante e dolorido para muitos casais que estão tentando engravidar. Embora não sirva de alívio, se você está passando ou já passou por isso, saiba que é mais normal do que parece.


É difícil precisar quantas gestações terminam nos primeiros meses, mas as estatísticas sugerem que esse número esteja na casa de 20%. Ou seja, de cada dez mulheres que engravidam, duas perdem o bebê até a 20ª semana. E isso sempre foi assim, mesmo que sua mãe ou sua avó digam que o aborto espontâneo é coisa da modernidade. O que ocorre é que, nos últimos 30 anos, apareceram testes que detectam a gravidez logo nos primeiros dias, inclusive os de farmácia. Então, o que antes era considerado apenas uma menstruação atrasada, passa a ser identificado mais corretamente como um aborto. Isso também aumenta as chances de tratar um real problema que esteja impedindo um casal de ter filhos. A seguir, entenda mais sobre o aborto espontâneo e saiba quando realmente deve se preocupar com ele.

O que é o aborto espontâneo?
É quando a gestação é interrompida naturalmente, pelo próprio organismo da mulher. Isso deve ocorrer até o quinto mês e o feto não pode ter mais de 500 gramas. Depois desse período e antes do termo (38 semanas), já é considerado morte fetal por prematuridade. O aborto pode ser precoce, quando ocorre até a 12a semana completa, e tardio, entre a 12a e a 20a. Os sintomas mais comuns são sangramentos e dores abdominais e a gestante deve avisar o médico, se isso ocorrer, para que ele avalie a necessidade de exames e procedimentos posteriores, como a curetagem – uma espécie de limpeza do útero, que nem sempre consegue expelir tudo sozinho.

Por que acontece?
As causas são muitas. Aqueles abortos que ocorrem bem no início da gestação, nas primeiras duas ou três semanas, são muito difíceis de serem diagnosticados. Isso porque é complicado colher qualquer material para exame, já que eles são similares aos da menstruação normal e não precisam de nenhum procedimento posterior em consultório, como uma curetagem, por exemplo. Mesmo assim, cerca de metade de todos os casos de aborto se devem a anomalias cromossômicas, ou seja, embriões que não se desenvolvem bem já nas primeiras etapas da divisão celular e que não têm condições para sobreviver. Dá para falar que é mesmo uma seleção natural. Os outros casos estão ligados a algum problema do organismo da mulher. Entre os mais comuns estão o fator aloimune, quando o corpo rejeita o feto como um organismo estranho e invasor; doenças autoimunes, como lúpus; problemas endócrinos, como a deficiência na produção de progesterona para segurar a placenta; alterações no funcionamento da tireoide; diabetes; miomas uterinos; colo do útero aberto e predisposição à trombose. Alguns fatores podem ser prejudiciais também, entre eles obesidade ou magreza extrema, uso de alguns medicamentos ou drogas, alcoolismo, tabagismo e uma infecção grave no início da gestação.

Quando é um problema?
É normal que você queira muito saber o que saiu errado. Mas a investigação médica só começa quando o quadro se transforma em aborto de repetição, isto é, por mais de três vezes consecutivas. Antes disso, os casos entram na estatística dos 20% de gestações que não “vingam”. A partir das circunstâncias do aborto, os médicos vão avaliar se o problema está na saúde da mãe ou na do embrião. Neste segundo caso, pode ser preciso também avaliar melhor o parceiro, principalmente se as causas forem relativas a anomalias genéticas, que podem ser acidentais ou estarem ligadas ao DNA tanto do pai quanto da mãe.

Tem tratamento?
Para a maioria das situações, sim. As causas genéticas têm apoio da reprodução assistida, que pode selecionar embriões ou utilizar doadores de óvulos e esperma saudáveis. O colo do útero aberto pode ser reparado com um procedimento chamado cerclagem, que o fecha com pontos que só são retirados perto do parto. Para quem tem predisposição à trombose, doses de anticoagulante são receitadas. A tireoide também pode ser controlada com medicamentos e a progesterona, reposta.

É possível evitar que o aborto aconteça?
Não em todos os casos, mas, em especial no que diz respeito ao organismo feminino, existem maneiras de minimizar riscos. Uma das melhores atitudes é manter os exames e as visitas ao ginecologista em dia. Assim, é possível detectar e controlar problemas de diabetes, hipertensão, tireoide, descobrir e tratar miomas e avaliar o colo uterino. Além disso, manter as vacinas de doenças como rubéola em dia e tirar todas as dúvidas sobre algum medicamento que esteja tomando ajudam.

Se acontecer, quando é possível tentar de novo?
Se o aborto ocorreu nas primeiras semanas e você não precisou fazer curetagem ou outro procedimento, já pode tentar engravidar no próximo ciclo menstrual. Se houver intervenções médicas, é aconselhável esperar cerca de três meses ou após ter dois ciclos completos regulares. Pense também se você e seu parceiro estão lidando bem psicologicamente com a questão e não hesite em pedir ajuda e conselhos ao seu médico.

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