Por Dirceu Rodrigues Alves Júnior*
A modernidade leva ao conforto, facilidade, comunicação e muita vez coloca o ser humano em condição de risco e produz o surgimento de situação adversa.
Os mais jovens dominam com mais facilidade e rapidez a tecnologia. Por isso são os usuários mais comuns do celular, em consequência as maiores vítimas de acidentes quando na direção veicular.
O celular, o radio comunicador são exemplos típicos que utilizados em determinados momentos são capazes de gerarem acidentes. Hoje, mandar torpedos, digitar no mini computador são atividades absurdas que se constata na direção veicular.
Nessa condição o condutor recebe múltiplas informações de maneira continuada, analisa e reage. O tempo nesse processamento é mínimo. O uso do celular aumentará em muito o tempo de resposta. Pior, serão respostas mecânicas.
Quando se está ao volante, ao tocar o celular isto produz no seu proprietário o fenômeno surpresa e a busca imediata ao equipamento, isso acompanhado de intensa ansiedade. A mão é retirada do volante em busca do telefone, quando só deveria desligar-se do volante para mudança de marcha ou para acessar acessórios no painel, é o que determina a legislação. Desde o toque inicial do aparelho o indivíduo desconecta-se da direção, leva 4 a 5 segundos para fazer o contato e se estiver a 100 Km/h terá percorrido 120 metros sem atenção para os 360° que lhe cercam, ficando restrito a visão dianteira.
Ao mesmo tempo surgem as perguntas: quem será? O que quer? A desconexão aumenta quando escuta quem fala. A concentração é desmantelada. Sem perceber, a velocidade é reduzida. O motorista passa a ter uma direção automatizada. Faz os movimentos necessários sem a percepção do que está fazendo. Não observa riscos. No intercâmbio das informações fica mais ansioso.
Cai mais a atenção, concentração, controle das emoções e o raciocínio. Aumenta em quatro vezes a possibilidade de acidente. Prova é que se indagarmos do motorista o que havia no seu trajeto ele não saberá relatar com detalhes. Não teve como armazenar o que viu no trajeto, tamanho era o desvio da atenção para o interlocutor.
Interessante que mesmo após a interrupção da ligação mantém-se por algum período a desconexão, desatenção com a direção veicular. Isso ocorre em decorrência do retrospecto e raciocínio feito pelo motorista dentro do tema abordado pelo interlocutor. É quando também ocorrem os acidentes, imediatamente após ter desligado o celular.
Vários países já têm o celular, fone e viva voz como equipamentos avessos à direção veicular por serem geradores de desatenção e de colisões. Legislações específicas proíbem o uso.
Estatísticas nos Estados Unidos mostram que apenas 2% da população é capaz de executar duas ou mais atividades simultaneamente.
Na direção veicular os acidentes acontecem em frações de segundo. Movimentos e desvio de atenção certamente concorrerão para o sinistro.
Ao adentrar o veículo por medida de segurança temos a obrigação de desligar qualquer meio de comunicação para mantermos a concentração naquilo que estará sendo executado. O celular receberá as ligações e armazenará os contatos. Parado, em situação de total segurança, acionaremos o celular para refazermos contatos, ver e mandar torpedos.
A segurança de todos nós depende de cada um.
*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior é médico Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET - Associação Brasileira de Medicina de Tráfego: http://www.abramet.org.br/. Participou como especialista convidado do Papo de Mãe sobre "nossos filhos e o código de trânsito", exibido em 13.11.2011. [email protected].
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