Dez razões para deixar a criança brincar
Por Maria Angela Barbato Carneiro*
Que saudades dos tempos de infância, quando ao final da tarde nos reuníamos, meus amigos e eu, depois de terminadas as tarefas escolares, para brincar na calçada.
Como era bom!...
A sociedade mudou muito rapidamente e com isso podemos nos perguntar, onde estão as crianças de hoje? Quais os espaços que têm para brincar? Com quem e onde brincam?
As cidades cresceram e com ela as crianças foram desaparecendo dos espaços públicos. E os tempos de brincar ficaram cada vez menores. As ruas não têm segurança, as moradias se tornaram menores, e os pais, preocupados com o trabalho, não brincam mais com seus filhos.
Brincar é uma atividade natural da infância, mas não é inato, aprende-se na interação, daí a importância dos espaços e dos tempos para realização da atividade lúdica infantil, além dos companheiros.
Hoje, se pensa que para brincar é necessário brinquedos e, sobretudo, objetos caros, frutos da indústria cultural. No entanto, embora eles tenham a sua importância, não são indispensáveis à realização da brincadeira. Ela pode se ocorrer sem eles, é necessário apenas um pouco de boa vontade e criatividade.
É fundamental que os pais, os professores e os responsáveis pelos pequenos se conscientizem do valor da brincadeira no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança, e que ela não é, como muitos pensam, uma grande perda de tempo. Deixar a criança brincar é dar a ela o direito de usufruir da sua infância.
Poderíamos elencar inúmeras razões para as crianças brincarem, mas neste particular artigo, escolhemos dez que consideramos as mais importantes:
a) Brincando a criança explora o mundo à sua volta estimulando seus sentidos, experimentando e descobrindo;
b) Brincando a criança viaja no mundo imaginário da fantasia, realizando ações e desejos que de outra forma não seria possível;
c) Brincando a criança pode errar e aprender com seus erros, discernindo o que é certo e errado;
d) Brincando a criança descobre coisas interessantes permitindo que esse conhecimento se torne significativo;
e) Brincando a criança aprende regras e com elas seus limites e possibilidades;
f) Brincando a criança desempenha papéis sociais, soluciona problemas, porque a atividade é uma ponte para a realidade;
g) Brincando a criança aprende a competir e cooperar e que, quando perde, o mundo não se acaba;
h) Brincando a criança aprende a se relacionar e desenvolve diferentes linguagens como formas de comunicação e expressão;
i) Brincando a criança constrói seu conhecimento e se torna autônoma; e,
j) Brincando a criança se diverte e, principalmente, aprende a ser mais humana.
* Maria Angela Barbato Carneiro é educadora e professora da PUC/SP. Participou como especialista convidada do Papo de Mãe sobre “adultização”, exibido em 07.08.2011 e reprisado em 15.01.2012.
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DICA DE HOJE
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4 comentários:
Amei a matéria!!! Nossas crianças precisam brincar mais e os pais, devem parar com essa tendência de impor uma agenda de adulto para seus filhos. Querendo fazer o melhor, erramos, mas sempre há tempo de acordar. Vamos resgatar o simples prazer de viver e conviver...nossos filhos merecem
e isso ai vamos deixar nossas crianças brincarem...otima materia...Claudia Batista
Muito boa a matéria. Simples e objetiva, como deve ser a educação ideal. Parab éns para a autora e para as queridas amigas que organizam o programa.
Papo de Mãe, parabéns pela tão necessária postagem.
Eu, particularmente, vejo que o computador virou um "brinquedo" e está deixando de ser um instrumento de trabalho. Isso é triste porque o relacionamento virtual perde de longe para o relacionamento real.
Lendo a postagem me voltou a lembrança das brincadeiras de "Passa Anel", "Pega-pega", "Esconde-esconde e outras mais. Infelizmente não vemos mais isso. Talvez achem o vídeo game mais interessante. Até acho que pela falta de relacionamento real é que vemos hoje adolescentes tão inseguros e violentos.
Gostei muito da postagem. Parabéns Maria Angela Barbato Carneiro.
Manoel.
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