Autoconhecimento e os 4 Temperamentos
Por Samir Wady Rahme*
A tarefa do médico é ajudar o paciente a superar suas crises que, na maioria das vezes, se apresentam como uma doença. Mas, bem antes da doença manifestar-se fisicamente, uma alteração já se encontra em curso em sua alma. Quero falar de seus hábitos, de suas constituições e, principalmente, de suas formas de reagir perante os outros e o mundo. Falarei dos 4 temperamentos, conhecimento que foi esquecido por séculos e que agora necessita reencontrar seu caminho, para ajudar na compreensão do próximo e de si próprio.
Tradicionalmente, essa tipologia relacionava-se com os 4 elementos, sendo:
Terra – ligado ao Melancólico
Água – ligado ao Fleumático
Ar – ligado ao Sanguíneo
Fogo – ligado ao Colérico
Em nosso dia a dia, podemos perceber claramente que as pessoas realmente têm um “tempero” todo especial e individual. Algumas pessoas são mais doces, outras ácidas, outras salgadas, e não faltam as apimentadas. Carregamos conosco todos esses 4 elementos, só que de forma um pouco desbalanceada, e a prevalência de um elemento sobre os outros é o que nos “colore” para a vida. O que se espera é que, com o passar dos anos, esses elementos consigam entrar em harmonia.
Prestem atenção nas seguintes situações:
1- Sou uma pessoa introspectiva, não faço questão de muita convivência social, evito que saibam sobre o que penso e, principalmente, o que sinto. Carrego dentro de mim um grande peso e tenho sempre a sensação de nunca ser realmente compreendido. Adoro elaborar mentalmente tudo que percebo, mas como não consigo me expressar bem através de palavras, acabo reclamando. O mais difícil para mim é ser espontâneo, e facilmente me vejo na condição de vítima. Meu ponto forte é a percepção interna dos processos e dos outros. Vivo muito com meu passado.
2- Sou mais introspectivo do que extrovertido. Gosto muito de ficar “na minha” e fazer o que me pedem no maior detalhe e paciência. Mesmo que me chamem a atenção, continuo no meu ritmo de trabalho e sou muito preocupado com meu bem estar. Se estou aquecido e alimentado, desfruto de grande satisfação e embora me cobrem posturas, não estou nem aí para elas. Não me encanto com novidades. Meu ponto forte é a fidelidade para com o ritmo em tudo. Vivo entre o passado e o presente.
3- Sou extrovertido e adoro viver apaixonado. Perto de mim, todos se sentem bem, mas confesso que não consigo ficar muito tempo com as pessoas e nem fazendo a mesma coisa. Daí, acabo não finalizando o que começo e muitos me acham irresponsável. Se tiver novidade no mercado, é comigo mesmo. Dizem que uma festa sem mim não decola, mas enjôo logo e caio fora. Meu ponto forte é a capacidade de lidar com situações novas e inesperadas. Vivo entre o presente e o futuro.
4- Sou extrovertido e direto. Não tenho muita paciência e vou logo passando por cima de todos. Tenho muita facilidade em ordenar e dar ordens. Todos reclamam não serem meus subalternos e que não consigo ter respeito por ninguém, mas sem mim, tudo fica estagnado. Ajudo e me dôo facilmente, desde que me valorizem. Meu ponto forte é a liderança. Vivo para o futuro.
1- O Pensador
2- O Conservador
3- O Sedutor
4- O Desafiador
Essas primeiras caracterizações já podem nos dar uma idéia de que esses “padrões” se repetem em muitas circunstâncias, principalmente nos ambientes de trabalho. Poder enxergar o outro a partir do temperamento ajuda a tirar uma grande “carga emocional negativa” e, ao mesmo tempo, podemos passar do julgamento à compreensão.
Se você se encaixa minimamente em uma das quatro caracterizações, ou reconhece alguém muito próximo a si, deve estar se perguntando: de onde e o porquê dessas ações e reações. A única resposta plausível é o próprio destino, ou se preferirem, o próprio karma, mas não o destino-karma estático que nos coloca como vitimas. É preciso ir além e isso significa: somos responsáveis por nossas ações e, principalmente, devemos aprender a aceitar esses “condicionamentos” que foram, de certa forma, gerados por nós mesmos.
A herança genética que recebemos dos pais é deixada para trás após os 14 anos de idade e, a partir daí, começamos um caminho de individuação que deve nos conduzir ao encontro de nós mesmos. Esse encontro, nem sempre tão claro e fácil, a meu ver, passa pela compreensão dos temperamentos pessoal e do próximo, ajudando a entender as “diferenças” que só são possíveis por sermos individuais.
Fisicamente, os 4 temperamentos se mostram mais freqüentemente da seguinte forma:
Melancólico – Alto e encurvado
Fleumático – Médio e roliço
Sanguíneo – Médio e proporcional
Colérico – Baixo e compacto
O Melancólico necessita de contato físico e expressão, sendo a massagem e o teatro as melhores indicações. O Fleumático precisa de atividade interior, e para este indica-se pintura ou modelagem. O Sanguíneo precisa se ancorar, sendo o canto e atividade manual (como a marcenaria) as mais indicadas. Por fim, as indicações para o Colérico são o esporte de confronto (judô, jiu-jitsu etc) pois ele precisa de limites. Euritmia curativa é indicada para os quatro, assim como atividades artísticas que demandam tempo para serem dominadas (instrumentos musicais, teatro ou pintura).
Os 4 temperamentos constituem a porta mais direta e acessível do autoconhecimento, embora necessitemos desenvolver nossa percepção para tal. Com essas noções, o mundo ao nosso redor ganha um sentido novo e, ao mesmo tempo, compreendemos as reações humanas com mais amor e tolerância.
*Samir Wady Rahme é médico antroposófico formado pela UFJF e em Composição e Regência pela Unesp. Presidiu a Associação Brasileira de Medicina Antroposófica por três mandatos [1999-2005]; é Maestro do Projeto “Música nos Hospitais”, desde 2002. Natural de Juiz de Fora [MG]é pai de três filhos – Maira, Rafael e Yasmin. Participou como especialista convidado do programa Papo de Mãe sobre PERSONALIDADES, exibido em 03.07.2011.
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DICA DE HOJE
Teste dos temperamentos - Clique aqui
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UTILIDADE PÚBLICA
Poupatempo tem semana de combate à Hepatite C
Campanha será realizada nas Unidades Cidade Ademar e Itaquera, na Capital paulista, entre os dias 4 e 8 de julho
Serão realizados mais de 5 mil testes gratuitos para detecção da doença, sendo cerca de 2 mil no Posto da zonal sul da Capital e 3 mil no da zona leste. A campanha tem como objetivo levar orientações à população sobre a doença e as formas de prevenção. Além da realização dos testes, profissionais da área de saúde vão distribuir folhetos explicativos e tirar dúvidas dos cidadãos presentes. A ação acontece até o 8 de julho, das 9 às 17 horas e, em caso de diagnóstico positivo para a hepatite C, o cidadão será encaminhado ao acompanhamento ambulatorial especializado.
A Hepatite C é uma inflamação do fígado causada por meio da infecção pelo vírus HCV (ou VHC), transmitido através do contato com sangue contaminado. Essa inflamação ocorre na maioria das pessoas que adquire o vírus e, dependendo da intensidade e tempo de duração, pode levar à cirrose e ao câncer do fígado.