“Filho, vou te avisar pela última vez: se você sair correndo de novo, vou te colocar na caçamba que tem ali do outro lado da rua e o ‘velho do saco’ vai vir te pegar!!!” - disse eu, dia desses, para meu filho de 4 anos, que teimava em sair porta afora da lanchonete em que estávamos com alguns amigos...
Vocês acham que eu exagerei? Pode ser. Mas funcionou, viu? A partir daquele momento, ele limitou-se a ficar observando a rua pelo vidro da porta e eu pude jantar sossegada, sem ter que sair correndo atrás dele a cada minuto.
Pra falar a verdade, não gosto de fazer isto. Sou aquele tipo de mãe que gosta de olhar no olho, falar, explicar... Muitos dizem que tenho uma “paciência de Jó” – o que eu não concordo muito, pois também tenho meus momentos de ira, embora com meu filho procure sempre me controlar. Mas, enfim, tem horas que nem “Jó” aguenta e temos que apelar para medidas mais drásticas. E foi o que fiz neste dia. Tive que contar a velha história do “velho do saco” que pega as criancinhas...
Acho que o MEDO, na dose certa, faz bem a todo mundo, inclusive às crianças. Por isto não poupo meu filho. Ele sabe (assim espero!) sobre quase tudo que deve ou não deve ter medo...
Escuro, por exemplo, é o medo mais comum entre as crianças. É compreensível, afinal no escuro não se enxerga nada, perdemos a noção de espaço, ficamos mais vulneráveis... Quando eu era pequena é óbvio que também tinha medo. Por isso, não vejo problema algum em deixar uma luzinha ligada no corredor ou no banheiro para que meu filho não tenha que dormir na completa escuridão. Mas já escutei de muita gente que a criança tem que acostumar no escuro desde cedo porque senão não cresce, não descansa, enfim...
Mas olha, para meu filho, está tudo muito bem. Ele está enorme (tem altura de uma criança de 6 anos), é muito ativo e inteligente (não parece nem um pouco cansado!!!). Porém, devo confessar que tem uma coisa que me incomoda: algumas noites – não todas –, ele liga a luz do quarto e dorme com ela ligada a noite inteira. Eu acabo não vendo, pois durmo feito uma pedra. Então, quando chego no quarto pela manhã, e vejo que ele dormiu a noite toda de luz acesa, fico me sentido culpada por não ter acordado durante a madrugada para verificar se estava tudo OK no quarto dele. Enfim, culpa de mãe (todas nós sabemos bem o que é isto!)... Mas o que me consola é que estes episódios estão cada vez menos frequentes, então eu acho que a tendência é que aos poucos ele deixe de ter este tipo de comportamento.
Bem, mas eu não quero encerrar o meu “pitaco” sem antes falar sobre as histórias e músicas infantis...
Eu realmente não gosto de histórias e músicas com violência do tipo “atirei o pau no gato”. Mas também não evito. Não vou criar meu filho numa “bolha”... Aliás, certa vez li em algum lugar que a criança demora a perceber o real sentido deste tipo de canção ou história, então não esquento muito. E quanto às histórias que enfatizam o medo, eu até gosto. Acho que ajudam a desenvolver a imaginação e a frear certos impulsos que podem ser prejudiciais.
Para finalizar, vou contar uma historinha que minha babá me contava toda vez que ela me levava para brincar no parquinho e que eu morria de medo...
Segundo ela, a moça que cuidava do parquinho era muda (a verdade vai só até aqui) porque, quando ela era criança, haviam cortado a língua dela. Desde então, esta mulher se dedicava a cortar a língua das crianças que não se comportavam no parquinho. Eu cresci ouvindo esta história e, obviamente, sempre procurava me comportar muito bem! rsrsrs...
Quase 30 anos depois, decidi levar meu afilhado de 5 anos neste mesmo parquinho e, para minha surpresa, a senhora que cuida hoje do parquinho é aquela mesma moça de quando eu era pequena. Ou seja: a muda que cortava a língua das crianças que não se comportavam!!!
Meu afilhado, no auge da energia dos seus 5 anos de idade, estava impossível naquele dia... Então, não pensei duas vezes e contei para ele a tal historinha... kkk
Na verdade, não me senti nem um pouco culpada por ter assustado o garoto passando adiante a lenda da mulher cortadora de línguas. Acho até que serviu como uma espécie de “libertação” daquele medo que me acompanhou durante tantos anos...
Enfim, o fato é que deu tudo certo. O menino brincou e se divertiu até não poder mais e sem aprontar. E o mais importante: voltou para casa com a língua intacta!!!! :-)
Por hoje é isto. Muito bacana o programa!!!
PS: João, meu lindo, você sabe, a dinda te ama muito!!! Beijossssssssssssss, querido!!!
2 comentários:
Tb estou de acordo com vc. Tive alguns medos qd criança, e tenho pavor até hoje de lembrar q fui esquecida na escola. Acho q colocar um "medinho " na criança n fará mau. Qd a criança crescer entenderá o motivo!!!
discordo...mas nem sempre todos concordam com tudo.
eu acho que o mundo em que vivemos ja causa medo suficiente nas crianças, as maes nao estao mais presentes como porto seguro ao lado delas o dia todo. temos que relegar a babas e empregadas que de qdo em qdo sao substituidas.
eu cresci ouvindo absurdos e fui uma crianças muito insegura e medrosa. tudo que tento fazer hj é explicar a minha familia as razoes num padrao de linguagem adequado aos 3 anos dela.
qdo nao funciona eu simplesmente digo 'nao' e pronto, mas nao invento motivos que ponham o poder na mao imaginaria de terceiros que possam criar medos sem sentido nela.
daqui ha poucos anos ela ja tera que ouvir eu contar sobre os riscos de pedofilia, sequestro, etc...e isso já é realmente assustador, nao vou em momento algum ceder a tentaçao de criar um medo imaginario para ter um pouco de conforto durante alguns minutos.
mas enfim...esta é a minha opiniao :)
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